OMS pede controle de laboratórios na China em investigação sobre origem da Covid
Investigação deve apurar de forma mais precisa a hipótese segundo a qual o novo coronavírus teria escapado em um acidente de laboratório na China
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta sexta-feira (16) a realização de "controles dos laboratórios" onde os primeiros casos de covid-19 foram identificados na China, como parte da fase seguinte da investigação sobre a origem da pandemia.
Em reunião a portas fechadas com os representantes dos Estados-membros da agência da ONU, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a prioridade deveria ser o "controle dos laboratórios ou estabelecimentos de pesquisa ativos na região" onde os primeiros casos foram identificados em dezembro de 2019.
Em janeiro, a OMS enviou à China uma missão de especialistas que não conseguiu esclarecer a origem do coronavírus, que já provocou mais de 4 milhões de mortes no mundo. A organização internacional, com sede em Genebra, enfrenta há meses uma crescente pressão para realizar uma investigação mais profunda sobre como surgiu a covid-19.
"Esperamos que a China apoie esta nova fase do processo científico, compartilhando todos os dados pertinentes em um espírito de transparência. Esperamos também de todos os Estados-membros que apoiem o processo científico, abstendo-se de politizá-lo", disse Tedros.
Segundo as informações obtidas pela AFP, a OMS elaborou "um protocolo de avaliação da proteção e segurança biológica do laboratório", para estudar de forma mais precisa a hipótese segundo a qual o novo coronavírus teria escapado em um acidente de laboratório na China. Esse protocolo, que a OMS espera usar no caso atual e em eventuais casos futuros, irá incluir, entre outros elementos, os funcionários, a segurança material e de informática, os inventários de animais, amostras de vírus e os protocolos de gestão de rejeitos.
Descartada durante longo tempo pela maioria dos especialistas, a teoria de acidente de laboratório promovida nos Estados Unidos pelo ex-presidente Donald Trump retornou aos debates com força nos últimos meses.
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Além dos controles dos laboratórios chineses, a OMS quer realizar "estudos integrados que envolvam humanos, animais selvagens, animais em cativeiro e de criação e o meio ambiente", e estudos que "deem prioridade às áreas geográficas onde a circulação do SARS-CoV-2 foi apontada no início e as áreas limítrofes onde foi observada uma forte prevalência do coronavírus vinculado ao SRAS (SARSr-CoV) em reservatórios não humanos".
A agência da ONU pede também a realização de "estudos vinculados aos mercados de animais em Wuhan e suas redondezas, incluindo estudos de monitoramento sobre os animais vendidos nos mercados atacadistas de Huanan", onde foi detectado o primeiro surto da epidemia.
Também pediu "estudos vinculados às atividades que visam rastrear o histórico dos animais, acompanhadas de trabalhos adicionais em epidemiologia e epidemiologia molecular, incluindo as primeiras sequências do vírus".
Além dos desejos da OMS, a nova fase se anuncia perigosa após a rejeição da China, nesta sexta-feira, sobre as críticas de Tedros pela sua suposta falta de cooperação.