OMS: quase um terço dos adultos no mundo não se movimenta o suficiente para a saúde
Segundo diretor de promoção da OMS, a inatividade física é uma ameaça silenciosa à saúde global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um "sinal de alerta" nesta quarta-feira (26), ao publicar um estudo que revela que quase um terço dos adultos não pratica atividade física, o que ameaça sua saúde física e mental.
Em 2022, 31,3% dos adultos – aproximadamente 1,8 bilhão – não praticaram atividade física de acordo com as recomendações de saúde, cerca de cinco pontos mais do que em 2010, segundo esta estimativa de especialistas, a maior já feita, publicada na The Lancet Saúde Global.
“A inatividade física é uma ameaça silenciosa à saúde global e, infelizmente, não está na direção certa”, afirmou o Dr. Ruediger Krech, diretor de promoção da saúde da OMS, apontando para uma tendência “contrária às esperanças”.
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Para a Dra. Fiona Bull, chefe do departamento de atividade física da organização, esses resultados são "um sinal de alerta".
Se a tendência atual, esses níveis atingirão 35% em 2030, segundo os pesquisadores continuam. O objetivo mundial de reduzir em 15% até 2030 está cada vez mais distante.
Para promover uma boa saúde, a OMS recomenda que os adultos pratiquem pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana (caminhada, natação, ciclismo...) ou 75 minutos de atividade intensa (corrida, esportes coletivos, etc.), ou equivalente combinação dos dois tipos.
O sedentarismo aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, como de mama e de cólon, além de transtornos mentais, lembrou o Dr.
Além do seu impacto individual, representa “um encargo financeiro para os sistemas de saúde”, disse a Dra. Leanne Riley, do departamento de doenças não transmissíveis da OMS.
O aumento quase generalizado do sedentarismo em todo o mundo esconde disparidades geográficas e sociodemográficas.
Levante-se e mexa-se
Mais de 50% dos adultos em dez países (Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cuba, Líbano, Coreia do Sul, Panamá, Catar, Iraque, Portugal, Arábia Saudita) também são muito sedentários.
Esse número fica abaixo de 10% em 15 países da África Subsariana, nas nações ricas ocidentais, na Oceania e no sul da Ásia.
A falta de atividade física afeta mais as mulheres (33,8%) do que os homens (28,7%).
Em quase um terço dos países a diferença entre mulheres e homens ultrapassa os 10 pontos percentuais. No Afeganistão, Paquistão, Cuba, Guiana, Irã e Bahamas chega a 20 pontos.
A idade também é um fator, com um aumento notável do sedentarismo após os 60 anos.
Como explicar a crescente falta de atividade física no planeta? "Existem múltiplas causas", respondeu o Dr. Bull, mencionando mais meios de transporte motorizados, mais empregos sedentários e mais atividades de lazer focadas em telas. "Levante-se e mexa-se", insistiu.
Para mudar a situação, não basta modificar os comportamentos individuais; é preciso mudar as sociedades e criar ambientes, especialmente nas cidades, mais propícios à atividade física e ao trabalho menos sedentário, segundo os especialistas.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou a "priorizar medidas ousadas, incluindo políticas de reforço e aumento do financiamento para reverter esta tendência preocupante".
A nível mundial, no entanto, os investigadores apontam alguns sinais de melhoria. Quase metade dos países fizeram progressos na última década e 22 parecem estar no caminho para atingir o objetivo global de reduzir o sedentarismo até 2030, caso prossigam no ritmo.