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Calor na Europa

Onda de calor bate recordes em França e Reino Unido

Fenômeno climático é o segundo em menos de um mês na Europa

Oeste da França está em  "vigilância vermelha" devido à onda de calor que atinge o país Oeste da França está em "vigilância vermelha" devido à onda de calor que atinge o país  - Foto: Loic Venance / AFP

"Mais quente que o Saara". Os termômetros seguiam em alta nesta segunda-feira (18) na Europa, onde foram registrados recordes de calor na França e no Reino Unido, enquanto os bombeiros continuam o combate aos incêndios na Espanha e em Portugal.

A onda de calor é a segunda registrada em menos de um mês na Europa, que está no auge da temporada turística de verão. Para os cientistas, a multiplicação desses fenômenos é consequência direta das mudanças climáticas.

A França registrou o "dia mais quente" da onda atual, que marcou vários recordes de temperatura em localidades do oeste como Brest (39,3 °C) e Nantes (42 °C), informou o serviço de meteorologia Météo-France.

Do outro lado do Canal da Mancha, o Reino Unido também se prepara para recordes de calor. O termômetro poderia superar os 40 °C na terça-feira, pela primeira vez em sua história. O atual recorde são os 38,7 °C registrados em 25 de julho de 2019.

Nesta segunda, o País de Gales - uma das quatro nações do Reino Unido - já registrou seu recorde: 35,3 °C nos arredores de Aberystwyth.

Para enfrentar esta segunda-feira de calor - "mais quente que o Saara", segundo o tabloide The Sun - alguns moradores locais e visitantes desfrutaram de um dia de praia em Tankerton, cerca de 80 quilômetros a leste de Londres.

"Sim, gostamos, mas estamos preocupados com os efeitos. Por isso, tentamos ser sensatos, nos hidratar muito e ficar na sombra", comentou à AFP Ceri Sherlock em uma das praias locais. 

As autoridades britânicas decretaram o nível de máximo de alerta, o 4, devido ao risco que até mesmo pessoas jovens e saudáveis correm. É aconselhável se hidratar, evitar se expor ao sol e monitorar pessoas vulneráveis.

As escolas de diversas partes da Inglaterra permaneceram fechadas e, diante de possíveis perturbações pelo calor, várias empresas de trens pediram que os usuários evitassem as viagens nesta segunda e na terça-feira. O calor na pista obrigou a suspensão do trânsito no aeroporto londrino de Luton.

Holanda, que registrou hoje o dia mais quente do ano, e Bélgica decretaram "alerta laranja" para esta terça, estimando temperaturas próximas aos 40 °C, mas sem expectativa de recordes de calor.


Nova morte na Espanha

A onda de calor já causou vítimas na Espanha, onde espera-se que esta segunda seja o último dia com até 42 °C em regiões do norte, como o País Basco e Navarra, segundo a agência de meteorologia Aemet.

No domingo, um homem de 50 anos morreu devido ao calor nos arredores de Madri. Um dia antes, um funcionário de limpeza de 60 anos morreu na capital pelo mesmo motivo, segundo as autoridades locais, que confirmaram hoje o falecimento, no sábado, de um trabalhador em um armazém industrial em Móstoles, também nos arredores da capital.

Os incêndios registrados na Espanha também provocaram a morte de um pastor na província de Zamora (noroeste), anunciaram as autoridades locais nesta segunda-feira. No domingo, um bombeiro perdeu a vida nessa região.

Segundo o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, as chamas arrasaram 70.000 hectares desde o início do ano, "quase o dobro da média da última década". Os bombeiros estão há dias tentando apagar uma série de incêndios.

Em Portugal, cerca de 800 bombeiros continuavam lutando hoje contra quatro incêndios ativos no centro e no norte, mas a Defesa Civil estimou que a situação era favorável graças a uma queda da temperatura.

Na região de Vila Real, no norte, duas pessoas de cerca de 70 anos morreram, de acordo com a Defesa Civil.

"Trata-se de um acidente de carro, o veículo saiu da estrada na zona dos incêndios de Murça", explicou a agência, que acredita que as pessoas tentavam fugir das chamas.

'A mudança climática mata'

Na França, dois grandes incêndios queimaram há uma semana 14.000 hectares de vegetação no sudoeste do país, próximo a Bordeaux, e forçaram a retirada de mais de 10.000 pessoas nesta segunda-feira.

"Vou para a casa da minha filha, mas se [as chamas] também se propagarem por lá, não saberei o que fazer", disse à AFP Patricia Monteil, enquanto carregava seu veículo em um bairro da localidade turística localidade de La Teste-de-Buch (sudoeste).

Por causa da fumaça propagada por esse incêndio, mais de mil animais do zoológico de Bassin d'Arcachon também precisarão ser evacuados, entre eles os primatas, anunciou a Associação Francesa de Parques Zoológicos.

Os cientistas consideram que a multiplicação das ondas de calor é uma consequência direta do aquecimento do planeta. As emissões de gases de efeito estufa seriam responsáveis pelo aumento de sua intensidade, duração e frequência.

Ademais, a Comissão Europeia indicou hoje que quase a metade do território da União Europeia (UE) está "em risco" de seca pela falta prolongada de precipitações.

"A mudança climática mata, mata pessoas [...], mata também nosso ecossistema", disse o presidente de governo da Espanha, durante uma visita a uma região afetada por incêndios em Extremadura (oeste).

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