Onda de calor: qual faixa etária mais morre pelas altas temperaturas? Novo estudo traz resposta
O trabalho foi publicado na revista científica Science Advances
A onda de calor, um evento climático no qual ocorrem temperaturas extremamente altas que supera os níveis esperados para uma região e época do ano, tem sido associada em pesquisas recentes a um risco maior de morte para idosos. No entanto, um novo estudo, publicado na revista científica Science Advances, mostra que 75% das mortes relacionadas ao calor estão ocorrendo entre pessoas com menos de 35 anos.
Segundo as evidências, coletadas no México, a faixa etária entre 18 e 35 são as mais afetadas pelo calor extremo.
"Projetamos que, à medida que o clima esquenta, as mortes relacionadas ao calor aumentarão, e os jovens sofrerão mais", afirma o coautor principal do estudo, R. Daniel Bressler, candidato a doutorado no programa de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, em comunicado.
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Os pesquisadores explicam que vários fatores podem estar por trás dessa projeção. Os jovens adultos, especialmente, têm uma maior probabilidade de se envolver em trabalho ao ar livre, como agricultura e construção, e, por isso, estão mais expostos à desidratação e insolação. Da mesma forma, podem estar em espaços de fabricação interna sem ar condicionado.
Essa faixa etária, que está no início da vida adulto, também têm mais chances de participar de esportes extenuantes ao ar livre, como indicam os cientistas. Uma análise separada anterior feita por pesquisadores mexicanos mostrou que as certidões de óbito de homens em idade produtiva tinham mais probabilidade de listar o clima extremo como causa do que as de outros grupos.
"Essas são as pessoas mais jovens, na parte baixa do totem, que provavelmente fazem a maior parte do trabalho duro, com arranjos de trabalho inflexíveis", pontua o coautor do estudo Jeffrey Shrader, do Center for Environmental Economics and Policy, um afiliado da Columbia University's Climate School.
De acordo com o estudo, temperaturas de bulbo úmido (temperatura do ar considerando a umidade relativa) de cerca de 13º C são ideais para jovens; nessa faixa, eles sofrem mortalidade mínima. Por outro lado, a pesquisa descobriu que o maior número de mortes ocorreu em temperaturas de bulbo úmido de apenas 23º C ou 24º C, em parte porque essas temperaturas ocorreram com muito mais frequência do que as mais altas e, portanto, expuseram cumulativamente mais pessoas a condições perigosas.
Além disso, as análises dos mesmos dados diários de temperatura e mortalidade mostraram que os idosos mexicanos morriam predominantemente não de calor, mas sim de frio. O país áreas de alta altitude que podem ficar relativamente frias.