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Onda de calor recorde sufoca sul e sudeste da Ásia

Em Bangladesh, os termômetros chegaram a um máximo em quase 60 anos

Crianças tomam banho de rio para amenizar o calor Crianças tomam banho de rio para amenizar o calor  - Foto: Munir Uz Zaman/AFP

As populações do sul e do sudeste da Ásia estão enfrentando uma onda de calor com temperaturas recorde e torcem pela chegada das chuvas.

Em Bangladesh, os termômetros chegaram a um máximo em quase 60 anos na semana passada. De acordo com a imprensa local, ondas de calor mataram pelo menos 13 pessoas na Índia, e duas na Tailândia.

"A cada ano, faz mais e mais calor", desabafa Mikako Nicholls, protegendo-se do sol com um guarda-chuva perto do Lumpini Park, no centro de Bangcoc, nesta quarta-feira (19).

Cientistas afirmam que o aquecimento global está agravando os fenômenos climáticos adversos. Um relatório recente divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) adverte que "o aumento das temperaturas globais intensificará os riscos múltiplos e simultâneos".

Nicholls comenta que o calor em Bangcoc é o mais intenso que ela experimentou em cinco anos na capital tailandesa. Por isso, tenta ir à rua o mínimo possível.

De acordo com o Departamento Meteorológico da Tailândia, as temperaturas atingiram um recorde de 44,6°C na província ocidental de Tak, em 15 de abril.

“É possível que o calor deste ano tenha se acentuado pelas ações humanas”, afirmou o vice-diretor-geral desse departamento, Thanasit Iamananchai.

Em geral, o reino costuma registrar episódios de calor antes da estação chuvosa, mas, nas últimas semanas, tem estado mais quente do que o normal.

"Os recordes de calor deste ano na Tailândia, China e Sul da Ásia são uma tendência climática clara e representarão desafios de saúde pública nos próximos anos", disse o cientista Fahad Saeed, encarregado regional de Políticas Climáticas do instituto Climate Anlytics.

O especialista enfatizou que o aumento das temperaturas é resultado da mudança climática e que o impacto nas populações vulneráveis pode ser terrível.

"O calor extremo que presenciamos nos últimos dias atingirá, sobretudo, os pobres", disse Saeed, que mora no Paquistão. “Pode, inclusive, colocar em risco a vida de quem não tem acesso a aparelhos de refrigeração ou a uma moradia adequada”, acrescentou.

Os moradores de Mianmar viveram algo parecido. Ko Thet Aung, de 42 anos, taxista da capital comercial, Yangun, afirmou que o calor atual é pior do que o dos últimos anos.

"Não consigo dirigir com uma temperatura tão alta durante o dia", afirmou.

Rezar pela chuva
Em Bangladesh, centenas de pessoas se reuniram esta semana na capital, Daca, para rezar e pedir chuva, depois de os termômetros atingirem 40,6°C, um máximo desde a década de 1960.

"Rezaram pela chuva. Eles também rezaram para que as temperaturas baixassem e para pedir proteção contra a onda de calor", disse o chefe de polícia, Kalam Azad, à AFP.

O país é duramente atingido pelas mudanças climáticas, com inundações regulares e tempestades devastadoras.

Na vizinha Índia, pelo menos 13 pessoas morreram em ondas de calor durante uma cerimônia de premiação realizada ao ar livre no oeste do país no último domingo (16).

De acordo com a autoridade meteorológica nacional, algumas partes do norte e do leste do país experimentaram, recentemente, temperaturas de 3°C a 4°C acima do normal para esta época.

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