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ONU acusa petrolíferas de espalharem "grande mentira" sobre seu papel nas mudanças climáticas

Secretário-geral da ONU Antonio Guterres criticou os compromissos climáticos "duvidosos" de muitas empresas em sua meta de zero emissão de carbono

Campo petrolíferoCampo petrolífero - Foto: Pixabay

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, acusou nesta quarta-feira (18) as grandes empresas de petróleo de espalharem uma "grande mentira" sobre seu papel no aquecimento global, dias após a publicação de um estudo sobre o que a gigante americana ExxonMobil sabia a respeito desse risco há quatro décadas.

Um estudo publicado na revista Science na semana passada revelou que a ExxonMobil desconsiderou as descobertas de seus próprios cientistas sobre o papel dos combustíveis fósseis na mudança climática.

Alguns produtores de combustíveis fósseis estavam plenamente conscientes na década de 1970 de que seu principal produto iria queimar o planeta. Mas, como a indústria do tabaco, eles subestimaram sua própria ciência. Alguns gigantes do petróleo venderam a grande mentira, disse o líder no Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em Davos.

"Assim como a indústria do tabaco, os responsáveis devem ser punidos", acrescentou, referindo-se aos US$ 246 bilhões que as empresas de tabaco dos EUA tiveram de aceitar pagar em 1998 a 46 Estados durante um período de 25 anos para cobrir despesas para curar fumantes.

O estudo da ExxonMobil publicado na semana passada mostrou que os cientistas da empresa haviam modelado e previsto o aquecimento global “com uma precisão chocante”, apenas para a empresa “passar as próximas décadas negando essa mesma ciência climática”.

Os produtores de combustíveis fósseis e aqueles que os apoiam continuam lutando para aumentar a produção, sabendo que seu modelo econômico é incompatível com a sobrevivência da humanidade, criticou Guterres em Davos.

"Essa loucura soa como ficção científica, embora saibamos que o colapso do ecossistema é um fato científico puro e duro", insistiu ele, alertando que "estamos à beira de um desastre climático".

De forma mais geral, o secretário-geral da ONU criticou os compromissos climáticos "duvidosos" de muitas empresas em sua meta de zero emissão de carbono.

Isso "engana consumidores, investidores e reguladores com informações falsas", reiterou, ao mencionar as campanhas de "greenwashing" das empresas, um termo em inglês que consiste em manter um discurso ecológico ao mesmo tempo em que se promove o uso de combustíveis fósseis.

Nesse sentido, o chefe da ONU pediu aos líderes empresariais presentes na plateia que apresentem, até o fim do ano, planos "críveis e transparentes" sobre como atingir zero emissão líquida.

Questionado sobre o relatório da Science, um porta-voz da ExxonMobil disse, na semana passada, que a questão surgiu várias vezes nos últimos anos e que, em cada caso, a resposta da empresa foi que "aqueles que falam sobre como a 'Exxon sabia' estão errados em suas conclusões".

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