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ONU adverte que compromissos climáticos estão muito longe de limitar o aquecimento global

"Para manter vivo o objetivo, os governos devem reforçar os planos agora e aplicá-los nos próximos oito anos", insistiu Simon Stiell

Os efeitos da mudança climática foram sentidos como nunca em 2022, com muitos países afetados por secas, grandes incêndios, ondas de calor, inundações e outros desastres.Os efeitos da mudança climática foram sentidos como nunca em 2022, com muitos países afetados por secas, grandes incêndios, ondas de calor, inundações e outros desastres. - Foto: DENIS SASSOU GUEIPEUR/AFP

Os compromissos internacionais mais recentes sobre o clima estão muito longe de responder ao objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a +1,5 grau Celsius, advertiu nesta quarta-feira (26) a ONU, a menos de duas semanas da COP27.

Distante de limitar o aumento da temperatura a +1,5ºC ou +2ºC, as duas marcas emblemáticas do tratado, os planos de redução das emissões de gases do efeito estufa das 193 partes signatárias "podem colocar o mundo no caminho de um aquecimento de +2,5 ºC até o fim do século", alerta a agência da ONU

Na COP26, celebrada em 2021 em Glasgow, os signatários do acordo se comprometeram a aumentar a cada ano suas "contribuições determinadas a nível nacional" (NDC), em vez de a cada cinco anos, como estava previsto no acordo assinado em 2015.

Mas em 23 de dezembro, data limite para a inclusão das novas metas antes da COP27 - que acontecerá de 6 a 18 de novembro na cidade egípcia de Sharm el Sheikh - apenas 24 países haviam apresentado um NDC novo ou ampliado.

Um número "decepcionante", admitiu Simon Stiell, secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas.

"Ainda não estamos nem perto do nível e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de +1,5 grau Celsius de aumento máximo da temperatura", destacou Stiel.

"Para manter vivo o objetivo, os governos devem reforçar os planos agora e aplicá-los nos próximos oito anos", insistiu.

Revitalizar a luta
De acordo com especialistas das Nações Unidas, as emissões mundiais devem registrar queda de 45% até 2030, na comparação com os níveis de 2010.

Isto permitiria cumprir o objetivo estabelecido em relação às temperaturas médias da era pré-industrial, quando a humanidade começou a explorar em larga escala as energias fósseis, que produzem os gases do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento.

O novo resumo das NDC calcula, porém, que os compromissos atuais levariam a um aumento de 10,6% das emissões durante o período.

No entanto, permitiria uma queda das emissões depois de 2030, o que não era o caso no ano passado.

A poucos dias do início da COP27, onde milhares de delegados e mais de 90 líderes de todo o mundo, segundo o governo do Egito, analisarão o futuro climático do planeta, a publicação é um novo alerta.

Os efeitos da mudança climática foram sentidos como nunca em 2022, com muitos países afetados por secas, grandes incêndios, ondas de calor, inundações e outros desastres.

Em um outro estudo sobre as estratégias no longo prazo para a "neutralidade de carbono" publicado nesta quarta-feira, a ONU Clima calcula que as emissões dos países que adotaram tais planos poderiam diminuir 68%, se realmente aplicados. Mas alerta que "muitos" destes planos são "incertos" e sem aplicação concreta.

"A COP27 é uma oportunidade para que os líderes mundiais revitalizem a luta contra a mudança climática", afirmou Stiell, que fez um apelo para que as nações "passem das negociações à aplicação e avancem nas profundas transformações que devem acontece em todos os setores diante da emergência climática".

O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, publicado em 2021/22, advertiu sobre o pouco tempo que resta para assegurar um "futuro habitável" para a humanidade.

Mas insistindo na necessidade de não permanecer de braços cruzados, os cientistas enfatizam que cada fração de grau de aquecimento evitado conta e pedem aos governos que se comprometam mais com a redução das emissões.

"O relatório sobre as NDC e o documento do IPCC são recordações úteis", afirmou o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Chukri, que presidirá a COP27.

"É indispensável aumentar as ambições e colocá-las em prática de maneira urgente para nos protegermos de impactos climáticos severos, de perdas e danos devastadores", completou em um comunicado.

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