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Haiti

ONU alerta para execuções sumárias no Haiti, com mais de 1.200 homicídios em 3 meses

Equipe da ONU também reportou pelo menos "106 execuções extrajudiciais ou arbitrárias" realizadas por encarregados das forças de segurança

Um veículo blindado da polícia queniana passa por uma barricada enquanto as pessoas fogem de seu bairro depois que gangues armadas aterrorizaram as áreas de Delmas 24 e Solino em Porto PríncipeUm veículo blindado da polícia queniana passa por uma barricada enquanto as pessoas fogem de seu bairro depois que gangues armadas aterrorizaram as áreas de Delmas 24 e Solino em Porto Príncipe - Foto: Clarens Siffroy/AFP

Mais de 1.200 pessoas foram mortas no terceiro trimestre no Haiti pela violência das gangues e no combate a esses grupos criminosos, revela um relatório da ONU sobre o país caribenho publicado nesta quarta-feira (30), que também alerta para "a evidência persistente" de execuções sumárias realizadas pela Polícia.

Segundo o Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH, sigla em inglês), entre julho e setembro 1.223 pessoas foram assassinadas e outras 522 ficaram feridas no "âmbito da violência das gangues e da luta contra elas". Outras 170 foram sequestradas. Nesse período, pelo menos 59 menores foram assassinados ou ficaram feridos.

A equipe da ONU também reportou pelo menos "106 execuções extrajudiciais ou arbitrárias" realizadas por encarregados das forças de segurança: 96 são imputáveis à Polícia Nacional do Haiti e 10 ao Comissário do Governo de Miragoâne. Entre as vítimas, estão seis menores com cerca de 10 anos, assinala o informe.

Segundo esses dados, as gangues respondem por 47% das vítimas, seguidas das forças de segurança (45%), e as demais (8%) são produzidas por grupos de "autodefesa" e pelo movimento de "justiça popular", conhecido como Bwa Kalé.

Outro relatório da ONU, publicado na última segunda-feira, aponta para a capacidade de adaptação das gangues diante da mobilização da missão internacional de apoio à polícia haitiana, que conta atualmente com cerca de 400 policiais quenianos.

Ante a chegada dessa missão, as gangues também fizeram "uma campanha ativa de recrutamento" para alcançar cerca de 5 mil membros, em particular crianças, que, segundo o Unicef, podem representar agora até 50% de seus efetivos.

Os homens são 80% das vítimas dos assassinatos; as mulheres, 17%, e os menores, 3%, segundo o relatório do BINUH, que detalha que a maioria dos abusos foi registrada na região metropolitana de Porto Príncipe e nos departamentos de Artibonite e Grand’Anse.

O escritório da ONU também está preocupado com a violência sexual das gangues contra mulheres e meninas. "Algumas foram assassinadas após serem violentadas", assegurou.

Embora esses dados indiquem uma queda de 32% no número de vítimas em relação ao primeiro trimestre, eles supõem um aumento de cerca de 27% perante o segundo. Também demonstram uma queda significativa dos sequestros, com uma diminuição superior a 60% pelo segundo trimestre consecutivo.

Diante da insegurança e da violência de que  os haitianos são vítimas, o informe recomenda à comunidade internacional que mantenha o Haiti na agenda e acelere a completa mobilização da missão multinacional.

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