ONU alerta que crise alimentar por guerra na Ucrânia 'ameaça' América Latina
Os custos médios de produtos básicos como arroz, feijão preto, lentilha e óleo vegetal aumentaram 27% entre janeiro e abril de 2022
A guerra na Ucrânia vai aprofundar a pobreza e a crise alimentar na América Latina e no Caribe devido ao aumento dos preços, em uma região ainda impactada pela pandemia, alertou o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), nesta terça-feira (24).
"Milhões de pessoas podem ser empurradas para a pobreza e a insegurança alimentar se o conflito na Ucrânia continuar", disse Lola Castro, diretora para América Latina e Caribe do PMA, com sede regional no Panamá.
Segundo um comunicado desta agência das Nações Unidas, a insegurança alimentar afeta atualmente pelo menos 9,3 milhões de pessoas nos países latino-americanos, um número que "na pior das hipóteses" poderia "poder chegar a 13,3 milhões" se a guerra "continuar sem cessar".
"Os preços das matérias-primas e da energia aumentaram devido ao conflito na Ucrânia. O aumento da inflação dos alimentos ameaça a região, com vários países altamente dependentes das importações de cereais", especialmente as ilhas do Caribe, alerta o PMA.
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A nota indica que os custos médios por tonelada de produtos básicos como arroz, feijão preto, lentilha e óleo vegetal aumentaram 27% entre janeiro e abril de 2022 e 111% entre janeiro de 2019 e abril de 2022.
A Rússia e a Ucrânia desempenham um papel fundamental no fornecimento global de matérias-primas estratégicas para uso industrial e alimentar.
A guerra e as sanções econômicas impostas a Moscou por sua invasão da Ucrânia causaram o risco de desabastecimento e aumento dos preços dos produtos básicos.
A Rússia é um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo e o maior exportador mundial de trigo, enquanto a Ucrânia é o quarto maior exportador de milho e está a caminho de se tornar o terceiro maior exportador de trigo.
Além disso, o conflito na Europa, segundo o PMA, agravou a crise causada na América Latina pela pandemia de Covid-19, que já havia aumentado os custos de compra e envio de alimentos devido à interrupção na cadeia de suprimentos.
“A região já está lidando com a Covid-19, custos crescentes e extremos climáticos”, disse Castro.
A situação levou inclusive o PMA a fazer um apelo internacional por mais de 315 milhões de dólares para cobrir seus custos operacionais no fornecimento de ajuda humanitária em toda a região nos próximos seis meses.
"Enquanto o número de pessoas com insegurança alimentar continua aumentando, a lacuna entre nossas necessidades financeiras e os recursos disponíveis continua aumentando", acrescentou Castro.