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Israel

ONU critica repúdio de Israel a solução de dois Estados

Guterres alertou, ainda, para os riscos de "uma escalada regional mais ampla"

Secretário-geral da ONU, Antonio GuterresSecretário-geral da ONU, Antonio Guterres - Foto: Tony Karumba/AFP

O repúdio de Israel a uma solução de dois Estados para o conflito com os palestinos "é inaceitável, pois irá prolongá-lo indefinidamente e exacerbar a polarização e o extremismo", declarou nesta terça-feira (23) o secretário-geral da ONU, António Guterres.

"O repúdio claro e reiterado, na semana passada, à solução de dois Estados nas mais elevadas instâncias do governo israelense é inaceitável", disse Guterres durante uma reunião em nível ministerial do Conselho de Segurança da ONU, antes de repetir que "é a única via para se obter uma paz duradoura e justa em Israel, Palestina e região".

Para o secretário-geral, "essa negativa ao direito do povo palestino a um Estado prolongará indefinidamente um conflito que se tornou uma grande ameaça para a paz e a segurança mundiais. Exacerbará a polarização e encorajará os extremistas em todo o  mundo."

Guterres alertou, ainda, para os riscos de "uma escalada regional mais ampla", pois o "erro de cálculo é perigosamente alto".

Guterres, que voltou a condenar os atentados do movimento islamista Hamas em 7 de outubro em Israel, que deixaram cerca de 1.200 mortos e mais de 250 sequestrados, ressaltou que "os últimos 100 dias foram devastadores e catastróficos para os civis palestinos" em Gaza.

Mais de 25.000 pessoas morreram e mais de 60.000 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde daquele território palestino, em poder do Hamas.

"Nada pode justificar esse castigo coletivo", disse Guterres, antes de destacar que "toda a população de Gaza está sofrendo a destruição em uma escala e velocidade sem precedentes na história recente".

Um quarto da população de Gaza, ou mais de meio milhão de pessoas, sofre de "níveis catastróficos de insegurança alimentar", e cerca de um milhão e meio de pessoas vivem aglomeradas em Rafah, no sul da Faixa. A isso se soma a propagação de doenças, lembrou Guterres.

"Isso significa que os habitantes de Gaza não apenas correm o risco de morrer ou de serem feridos nos bombardeios sem trégua, mas também correm um risco crescente de contrair doenças contagiosas, como a hepatite A, a disenteria e o cólera", afirmou.

Diante das dificuldades para a entrada de ajuda humanitária, Guterres lembrou que precisa de segurança para distribuir a ajuda em todo o território, equipamentos de telecomunicações para que os comboios humanitários mantenham contato, mais pontos de passagem para Gaza, a fim de diminuir o congestionamento, e acesso a vistos para o pessoal da ONU.

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