ONU denuncia maior repressão contra mulheres no Irã
O Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU expressou receio sobre um projeto de lei para "apoiar a família através da promoção da cultura da castidade e do hijab"
A ONU manifestou nesta sexta-feira (26) sua preocupação com relatos sobre maiores esforços por parte das autoridades do Irã para rastrear e punir mulheres que se recusam a utilizar o véu no país.
O Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU expressou receio sobre um projeto de lei para "apoiar a família através da promoção da cultura da castidade e do hijab", que estabeleceria penas mais severas às mulheres que aparecessem em público sem o hijab, uma peça de roupa que cobre o cabelo.
"O que vimos e ouvimos é que, nos últimos meses, as autoridades, sejam policiais à paisana ou uniformizados, estão aplicando cada vez mais a lei do hijab", disse o porta-voz do gabinete, Jeremy Laurence, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
"Há relatos de prisões generalizadas e assédio à mulheres e meninas, muitas delas entre 15 e 17 anos", acrescentou.
Em meados de abril, a polícia iraniana anunciou um reforço dos controles sobre a utilização do hijab, alegando que a lei era cada vez mais desrespeitada.
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Centenas de empresas, incluindo restaurantes e cafés, foram fechadas por não cumprirem a lei, e câmaras de vigilância estão sendo usadas para identificar estas mulheres, disse Laurence.
Muitas delas começaram a recusar o uso do véu após a morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, depois de ter sido presa pela polícia moral iraniana, o que desencadeou uma onda de protestos, que foram severamente reprimidos pelo regime.
Embora o texto de um novo projeto de lei sobre o hijab não tenha sido divulgado, "uma versão anterior estipulava que aquelas consideradas culpadas de violar o código de vestimenta obrigatório poderiam enfrentar até 10 anos de prisão, açoitamento e multas", afirmou.
A ONU pediu ainda que "todas as pessoas presas por exercerem a sua liberdade de opinião e expressão, incluindo a expressão artística, devem ser libertadas".