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Clima

ONU: financiamento da adaptação à mudança climática está muito abaixo da meta

Esses esforços "estão muito longe de serem suficientes", afirmou Inger Andersen, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

COP26COP26 - Foto: Andy Buchanan/ AFP

O financiamento para a adaptação dos países em desenvolvimento à mudança climática é entre cinco e dez vezes inferior ao custo das medidas de combate ao fenômeno - alertou a ONU nesta quinta-feira (4).

Este é um dos capítulos em negociação na COP26, que acontece em Glasgow, na Escócia.

Esses esforços "estão muito longe de serem suficientes. (O mundo) deve aumentar radicalmente seus esforços para se adaptar às mudanças climáticas", afirmou Inger Andersen, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em paralelo à conferência de Glasgow. 

Em 2019, os países ricos forneceram um total de US$ 79,6 bilhões em ajudas aos países em desenvolvimento para a luta contra a mudança climática. Dois terços desta quantia foram, no entanto, destinados aos projetos de redução das emissões de gases de efeito estufa - uma abordagem de mitigação -, e não para adaptação.

Algumas organizações ambientalistas consideram que a adaptação é o caminho mais urgente e prático para enfrentar um fenômeno inevitável, o do aquecimento global, dada a demanda de energia para atender o crescimento dos países em desenvolvimento na África, na Ásia, no Oriente Médio, ou na América Latina.

Segundo o PNUMA, as necessidades de financiamento são cada vez mais prementes: entre "US$ 140 bilhões a US$ 300 bilhões anuais até 2030"; e entre "US$ 280 bilhões e US$ 500 bilhões anuais entre agora e 2050", apenas para os países em vias de desenvolvimento.

Estes fundos são "entre cinco a dez vezes superiores aos fluxos de financiamento público internacional destinados à adaptação", afirma o relatório. 

"As evidências sugerem que esta diferença é mais significativa do que no último relatório de 2020 e que está aumentando", adverte o texto. 

Em um mundo que já atingiu um aumento de temperatura de +1,1°C em relação à era pré-industrial, as catástrofes climáticas se multiplicam, e os compromissos climáticos por parte dos Estados podem levar a um aquecimento "catastrófico" de +2,7°C, segundo a última avaliação da ONU, antes do início da COP26.

"Mesmo se acabarmos hoje com as emissões de gases de efeito estufa, o impacto da mudança climática continuará por décadas", frisou Inger Anderson. 

"Temos que mudar de velocidade na ambição do financiamento da adaptação e em sua implementação para reduzir os danos. E temos que fazer isso agora", insistiu.

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