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Sudão

ONU teme 'etnicização' do conflito no Sudão

O conflito deixou mil mortos e mais de um milhão de deslocados e refugiados

Tiros e explosões abalaram a capital do Sudão na manhã de 22 de maio, horas antes de um cessar-fogo humanitário de uma semana entrar em vigor, o mais recente após uma série de tréguas que foram todas violadas.Tiros e explosões abalaram a capital do Sudão na manhã de 22 de maio, horas antes de um cessar-fogo humanitário de uma semana entrar em vigor, o mais recente após uma série de tréguas que foram todas violadas. - Foto: AFP

O chefe da missão da ONU no Sudão, Volker Perthes, disse, nesta segunda-feira (22), que teme a "etnicização" do conflito no país e lançou um apelo ao Exército e aos paramilitares para que implementem o cessar-fogo.

"A crescente etnicização do conflito ameaça prolongá-lo, com implicações para a região", disse o enviado das Nações Unidas, em uma reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no Sudão.

"Em algumas partes do país, os confrontos entre os dois exércitos, ou as duas formações armadas, se transformaram em tensões comunitárias, ou desencadearam conflitos entre as comunidades", acrescentou.

"Foram reportados sinais de advertência de mobilização tribal em outras partes do país, principalmente em Cordofão do Sul", disse ele.

Desde 15 de abril, a guerra entre o Exército, do general Abdel Fattah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, deixou mil mortos e mais de um milhão de deslocados e refugiados.

O representante especial da ONU voltou a defender o respeito a um cessar-fogo, a poucas horas de sua entrada em vigor, às 16h45 (horário de Brasília). Crucial para permitir a chegada de ajuda humanitária, a trégua está prevista para durar uma semana.

"Continuo pedindo às partes que cumpram este acordo assinado há dois dias", afirmou.

"Este é um avanço bem-vindo, embora os combates e os movimentos de tropas tenham continuado ao longo do dia, apesar do compromisso de ambos os lados de não tentar tirar vantagem militar", disse Perthes.

O enviado também disse estar "horrorizado com os relatos de violência sexual contra mulheres e meninas, incluindo denúncias de estupro em Cartum e em Darfur", no oeste do país.

Cerca de 860 civis, incluindo 190 crianças, morreram desde o início do conflito, e 3.500 civis ficaram feridos, conforme dados citados por Perthes nesta segunda-feira.

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