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Petróleo

OPEP+ concorda em aumentar produção de petróleo para conter alta dos preços

o aumento foi uma resposta aos pedidos urgentes de países ocidentais

Barris de petróleoBarris de petróleo - Foto: Waldemar Brandt / Pexels

Após meses de espera e apesar do aumento dos preços causado pela guerra na Ucrânia, os membros da OPEP+ decidiram, nesta quinta-feira (2), aumentar ainda mais sua produção de petróleo, respondendo, assim, a pedidos urgentes de países ocidentais. 

Representantes dos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de seus dez parceiros (OPEP+) concordaram em que "a produção de julho seria ajustada em uma alta de 648.000 barris por dia", em comparação com os 432.000 barris estabelecidos nos meses anteriores, informou o cartel em um comunicado divulgado após reunião.

Trata-se de uma guinada para a OPEP+, que se limitava, desde 2021, a fazer aumentos modestos nas suas quotas, em vista de um retorno aos níveis anteriores à pandemia de covid-19.

O grupo nunca se desviou de sua linha, mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia que acentuou as tensões no mercado.

Após decisões semelhantes de Estados Unidos e de Reino Unido, os líderes dos 27 países-membros da União Europeia (UE) chegaram a um acordo, na segunda-feira (30), para reduzir suas importações de petróleo russo em cerca de 90% até o final do ano. Este anúncio aumentou os temores de escassez e mudou, visivelmente, a situação do cartel, que ressaltou "a importância de mercados estáveis e equilibrados".

O vice-primeiro-ministro russo encarregado da Energia, Alexander Novak, reagiu nesta quinta-feira, afirmando que os europeus serão os primeiros a "sofrer" com o embargo de petróleo imposto pelo bloco.

"Os consumidores europeus serão os primeiros a sofrer com esta decisão. Não são apenas os preços do petróleo que vão subir, mas também os dos produtos derivados. Não descarto que haja um grande déficit de produtos petrolíferos na UE", declarou Novak, em uma entrevista transmitida pela televisão russa.

Isolamento crescente
O anúncio agradou os investidores: os preços do petróleo bruto subiam quase 1%, com as duas referências flutuando em torno de US$ 116 por barril. Um artigo no Wall Street Journal havia mencionado uma possível marginalização da Rússia, afetada pelas sanções ocidentais, mas a OPEP+ permanece unida. 

O aumento decidido é distribuído proporcionalmente entre cada um dos membros, com cotas idênticas para Moscou e Riade, os dois pilares da aliança. 

A OPEP+, que bombeia cerca de metade do petróleo mundial, foi formada em 2016 para ajustar a oferta e regular os preços. Alguns questionam, porém, o quão possível é manter este entendimento nas atuais circunstâncias.

"A Rússia se tornou um pária", afirma Bjarne Schieldrop, analista do Seb, que vê "na aparente intensificação da ação diplomática entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita" o sinal "de que uma mudança talvez esteja próxima", à medida que as sanções se acumulam contra o Kremlin. A Arábia Saudita há muito permanece surda aos apelos.

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan, reafirmou no recente Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, que "o reino faz o que pode", segundo a imprensa empresarial.

"A situação é mais complexa do que simplesmente adicionar barris ao mercado", insistiu, enquanto os membros do G7 apontaram o "papel fundamental" da OPEP+ face ao "aperto dos mercados internacionais".

É verdade que as economias do Golfo obtêm polpudos lucros de um barril bem acima de US$ 100. Foi assim que a Arábia Saudita registrou, no primeiro trimestre, seu maior crescimento em dez anos.

Apesar das cotas mais ambiciosas, a OPEP+ não conseguirá repor todos os volumes perdidos da Rússia, devido às dificuldades de alguns de seus membros em atingir seus objetivos, alertam analistas.

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