2025, o que mudou e o que não mudou
Percebemos que no decurso da milenar passagem do tempo e o processo de mudanças ocorridas, a relação custo benefício continua comprometida, vez que a despeito dos fantásticos avanços em todas as áreas do conhecimento humano, o homem como principal gestor do processo, não mudou na sua essência, continua preferindo o poder mais do que a razão, a força mais do que as palavras, a ignorância sobrepujando a sabedoria, só vale quem manda, o tradicional exercício do “quero, posso e mando”.
Na tentativa de conter a avassaladora evidência de que o mal continua ganhando espaços, as religiões de um modo geral tem tentado atenuar a velocidade da nefasta prática na interação entre os povos ameaçando com castigos divinos os meliantes de todas as espécies.
No elenco dos males em que a humanidade não tirou lições, se arrependendo dos atos praticados, destaca-se a terrível e crescente desigualdade que mata de fome, de sede, de doenças de todos os tipos, e até de vergonha, ante a indiferença desumana dos chamados líderes de si próprios, os chamados “seus eus”, que só enxergam o umbigo, soberbos em imagem e comportamento, estes não mudaram, e não acredito que venham a mudar senão ao mundo vergado sob seus pés, bestas feras da humanidade.
Resta verificar se ao longo de milênios algo relevante mudou para melhor, na ciência sob seu comando, ou como consequência de seus feitos, voltados ao acaso aleatório ou propositalmente pro bem.
No contexto desse hipotético estudo ou levantamento sobre o processo histórico de mudanças ocorridas, ou levadas a efeito, talvez seja mais fácil tomar a temperatura do nosso espaço mais próximo, do nosso laboratório doméstico, e até mesmo utilizá-lo como elemento comparativo com o resto do mundo, será que o que ocorreu aqui em casa ao longo dos quinhentos e poucos anos serviria como amostragem das ocorrências globais tangíveis e intangíveis?
Em parte sim, em parte não, vez que somos todos frutos de origem diversa e distante, indelével em aspectos físicos e comportamentais transportados pelo DNA, e noutras situações marcantes, características importadas por livre e espontânea vontade ou a força.
Observo como detalhe, o fato de que ao longo desses cinco séculos continuamos falando o mesmo idioma colonial português, apesar de cercado por vizinhos falando espanhol, ou lá no começo de tudo o ancestral Tupy Guarany, misturado com os idiomas de matriz africana.
De qualquer forma, na relação do que não mudou, continua presente a indiferença, o desprezo civilizatório, a desigualdade e o inconcebível racismo mal disfarçado na prática, como se a abolição da escravatura continuasse carecendo de efetividade para virar verdade.
E para finalizar, fica o alerta, homenagem ao que temos de melhor, a cultura, com Fernanda Torres representando a tragédia vivida pela família de Rubens Paiva, comungando a certeza de que ainda estamos todos aqui ajudando a exorcizar da memória o que passamos, e expurgar os resquícios que ficaram dos bárbaros crimes cometidos pela ditadura no passado, e que vez ou outra ainda tentam ressuscitar através dos loucos, alucinados de hoje a despeito dos anos transcorridos, saudosos da barbárie cometida e pior ameaçando voltar.
* Consultor empresarial ([email protected]).
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