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A China: monarquia. Nacionalismo. Comunismo. O ano de 2024

A transformação da China constitui um fenômeno histórico sem paradigma. País de muitos milênios, elevado à categoria de segunda superpotência do mundo, conheceu através de várias dinastias e de vários séculos a construção de obras como a Grande Muralha, a queima de livros de filósofos da Escola de Confúcio e a Longa Marcha de Nove Mil Quilômetros, fuga empreendida pelos comunistas fugindo ao cerco imposto pelo comandante Chiang Kai-Shek.

Saliente-se que em determinado momento da China em transformação os nacionalistas de Chiang Kai-Shek e os comunistas comandados por Mao Tse-Tung lutaram em conjunto contra as tropas japonesas. Com o fim da 2ª Guerra Mundial as contradições entre nacionalistas e comunistas se acentuaram e não foi possível estabelecer a coalisão para governar a grande Nação. Nas negociações os nacionalistas chineses foram intransigentes. Queriam eles que só os nacionalistas tivessem forças armadas, como desejavam os Estados Unidos. Proposta recusada por Mao Tse-Tung.

Diante do impasse, e com a fuga dos nacionalistas para Formosa, hoje Taiwan, estava pavimentado o campo para proclamação da República Popular da China e a implementação do regime comunista com características peculiares e modelo próprio no caminho da modernização em consonância com a nova realidade mundial. No dia 1º de outubro de 1949, as 15hs, horário de Pequim, Mao Tse-Tung proclamou a República Popular da China.

Ao proclamar o novo regime, Mao Tse-Tung investiu-se na presidência do país, tendo como Primeiro Ministro Chu En- Lai.

A China já foi, até o início do século XIV, um dos maiores impérios do mundo, perdendo sua grandeza em consequência de invasões europeias buscando inovações chinesas oriundas da pólvora e do papel.
Grande produtora da seda, do chá, das porcelanas, a China adotava sérias reticências com relação ao comércio com o ocidente, povos considerados pelos chineses como bárbaros e ignorantes.

A presença de nações como a França e a Inglaterra, com pretensões espoliativas no território chinês fez com que se fortalecesse um sentimento patriótico que agregou comunistas e nacionalistas para fazerem frente ao inimigo comum.

Não obstante, os ingleses, através da Companhia das Índias Ocidentais, utilizando o comércio ilegal do contrabando no início do século XIV, burlando as restrições impostas, introduziram na China o ópio (mistura de alcaloides extraído da papoula), estupefaciente de grande capacidade para causar dependência. Tal comércio ilegal enriqueceu a Companhia das Índias Ocidentais, levando as autoridades chinesas a combatê-la apreendendo as mercadorias.

Este ano de 2024 marca o 75º aniversário da República Popular da China sob o comando do Partido Comunista da China (PCCH), também neste mesmo ano registra-se o 50º aniversário da concretização das relações diplomáticas entre o Brasil e China. Nesta oportunidade o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Xi Jin Ping trocaram congratulações e reforçaram os votos de cooperação mútua na relação sino-brasileira.

O fato é bastante significativo se considerarmos que a China é atualmente a maior economia do mundo em comércio de mercadorias e em investimento externo, ocupando o segundo lugar em comércio de serviços e utilização de capital estrangeiro aliada a outras centenas de economias.

Do ponto de vista histórico o primeiro contato envolvendo a China e o Brasil, ocorreu quando a rainha Maria I de Portugal, então no Brasil, importou trabalhadores chineses para trabalhar em uma plantação de chá no Rio de Janeiro. Era o ano de 1812.

O que ainda hoje causa espanto é que o pretexto para impedir a posse de João Goulart na presidência da República quando da renúncia do então presidente Jânio Quadros em 1961, pelos militares golpistas, tenha sido a viagem do novo chefe de Estado que se encontrava, em visita, na República Democrática da China.

Mais espantoso ainda é que as relações diplomáticas com a China tenham sido estabelecidas no período da ditadura militar em 1974. Sendo o ditador na ocasião o general Ernesto Geisel.

Esse vai e vem da história só tem uma explicação: a existência de interesses escusos e não explicados, de grupos e corporações, levando vantagens em detrimento da harmonia e paz social.


* Procurador de Justiça do Ministério Público de Pernambuco. Diretor consultivo e fiscal da Associação do Ministério Público de Pernambuco. Ex-repórter do Jornal Correio da Manhã (RJ).

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