OPINIÃO

A decolagem das startups nordestinas

O Banco Central anunciou estes dias que o Nordeste foi a região que mais cresceu no nível de atividade econômica no Brasil, neste primeiro trimestre do ano, feito que não ocorre desde março de 2015. 

Quando o assunto é economia da região, o comércio e os serviços sempre lideram esse movimento, mas a matriz de potencialidades econômicas do Nordeste vem se diversificando muito, puxada não só por segmentos tradicionais como construção civil, turismo e o agronegócio, mas também pelos novos modelos de negócios que surgem neste cenário de escalabilidade tecnológica nunca antes visto.

Na semana passada, a segunda edição do NEON, considerado o maior evento de inovação e empreendedorismo do Nordeste, foi prova disso e reuniu mais de 15 mil empreendedores no Centro de Convenções de João Pessoa (PB), onde mais de 300 startups participaram de palestras, rodadas de negócios e de investimentos. O evento já tinha passado no ano anterior pela capital do Maranhão, São Luiz, e terá Maceió como sede da terceira edição.

Segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), no Nordeste estão concentradas mais de 13% das startups do país, ficando atrás apenas das regiões Sul e Sudeste, que juntas representam mais de 75% do número geral. No Nordeste, mais de 18% das startups são focadas no setor da educação, enquanto pouco mais de 10% desenvolve tecnologias para a área da saúde e o terceiro lugar é dividido entre as fintechs (serviços financeiros) e retailtechs (serviços tecnológicos para o varejo), sendo cada uma com uma fatia de 7%. 

O que chama atenção, além do perfil majoritariamente jovem dos empreendedores que se lançam no mercado das startups é que elas dão um novo tom, em vários aspectos organizacionais, para o padrão empresarial que vigorou durante décadas. São empresas que nascem e crescem rápido, sem medo de cometer erros, e ajustam de maneira muito ágil seu foco de atuação, visando ganhar escala num curto espaço de tempo.

Todas as empresas hoje enfrentam um ambiente altamente competitivo e dinâmico, com a necessidade de inovar e utilizar soluções tecnológicas, que são essenciais para a sobrevivência dos negócios. Nesse contexto, as startups surgem como vetores de inovação, beneficiando grandes e pequenas empresas.

Após passar por um período chamado de “inverno” em 2022, com a queda de investimentos e aportes financeiros nestes modelos de negócio devido ao alto risco e as altas da taxa de juros, o mercado volta a ficar aquecido este ano, turbinado com as possibilidades que os recursos de inteligência artificial trazem de maior eficiência e inovação na entrega de produtos e serviços.

Depois do boom das fintechs, startups focadas em serviços financeiros, agora são as edtechs e agrotechs que prometem ampliar o frescor da inovação tecnológica pra gerar impacto social positivo no campo e na cidade.

Tomara que possam diminuir o fosso das debilidades educacionais de jovens e adultos, especialmente os de baixa renda e otimizar a produção de agricultores e pecuaristas, preservando boas práticas socioambientais e provando que tradição e inovação devem caminhar de mãos dadas. 

*Jornalista, MBA em Marketing, analista de educação empreendedora do Sebrae - PB

 

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