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OPINIÃO

A empresa e a sua cultura interna

A visão holística da empresa aponta para várias compreensões sobre a cultura interna empresarial. Muitas organizações, em tantos aspectos, se assemelham. São “Feitas para durar” (por acaso, título do livro muito bom de Jim Collins), e perpetuar negócios saudáveis.

Gerar o feito do lucro apreciável, por dever do ofício de existirem é imperioso. São verdadeiros ativos da nação (mesmo não sendo tratados como tal), protagonistas econômicos e sociais fundamentais, geradores de oportunidades, possibilidades, empregando famílias, cumprindo o objeto pelo qual foram concebidas, histórias inspiradoras, e nisso fundam enormes afinidades. Possuem o DNA da harmonia construtiva e agregadora.

Qualquer organização produz cultura interna. A cultura de empresa é uma espécie de religião própria, com versículos de sustentabilidade e perenidade, o que determina mais ou menos sucessos, e até insucessos. É na cultura que se diferenciam, na abrangência de valores, crenças, comportamentos e práticas que lhe moldam, até na formação de colaboradores, na forma como operam suas atividades.

Cultura é quem orienta o agir de todos, dirigentes e funcionários. Percebida na comunicação, nas decisões, no estilo das lideranças, em todas as interações. Cultura também em símbolos, rituais e histórias, até nos corredores dos seus escritórios, refletindo identidades.

Empresas são times. Alguns fortes, desde a base, onde se valoriza e se respeita a formação, a informação e as pessoas. Nestes os funcionários (jogadores) são ativos valiosos, vistos mais pelas qualidades, menos pelos defeitos. A empresa os envolve, estimula o engajamento, retêm talentos, ambiente de valorizações, de garantia de promoções, recompensas, que amplifica o valor do capital humano colaborativo, da integração, da inovação, do respeito, interno e externamente.

Integridade é a palavra do time, princípios definidos, orientação das ideias e do agir construtivo, de gestos harmoniosos e exemplares, desde os proprietários, e decisões com ações afinadas. Esse time ganha o jogo, continuamente, não só uma partida. Capacidade de enfrentar desafios, mudanças, de reverter jogos, de superar dificuldades (até financeiras e econômicas), como o tipo dos que vagaram pelo deserto no relato bíblico do Êxodo, e superaram, ama-se esse ambiente, adaptável para plano de metas e de melhorias.

Mas, nem sempre o mundo gira assim…Não é assim em outras empresas. Predomina a cultura do desmanche permanente, do remendo, da prolixidade das falas (empresa que ninguém se entende tudo é prolixo e repetitivo), impera a desvalorização das pessoas. Ambiente destrutivo. Não há time. 

Todos se depreciam, espalha-se a noção da culpa. É público, os donos não se entendem. As competições se afirmam. Ninguém escuta ninguém. Os egos determinam a dispersão. Os departamentos se dividem, os poderes são difusos. O mais grave: A rádio peão sabe da confusão empresarial de um barco à deriva, sem saber o porto do destino. Ambiente contra a iniciativa, as vaidades comandam o jogo. Feudos, feudos de iniciativas, sem ajustar a navegação.

A palavra aqui é divisão. Impossível os bons resultados. O mais agravante: Vira uma doença, sem tratamento, prefere-se paliativos diários, que mascaram a doença. Não há esforço conjunto de reverter os resultados ruins. As ações são isoladas. Sobram desperdícios. As salas em reuniões de teorias. Mentorias, professores, boards executivos, reuniões de conselho, que até aconselham, mas sem noção organizada. Produzem muita reação, não são ações.

Infinidade de informes teóricos perambulam: Ebitda, fluxo de caixa indireto, planos mirabolantes, orçamentos de “faz de conta”, melhoria de margens, planejamentos, um monte de especialistas (sempre técnicos novos), ninguém para nas cadeiras, tudo sem consenso da profilaxia e dos remédios. E o lucro? Ninguém sabe responder. Nada é estável. Há alguns bons jogadores, mas dispersos, falta estratégia conjunta, e nunca pode estar nas mãos de um.

E a liderança? Desceu a ribanceira. Gastam-se milhões de reais em despesas de altíssima sensibilidade, mas essas não são enfrentadas, de verdade! O debate é estéril. Há prejuízos no resultado? Claro, não podia ser diferente, e se sucedem. A doença tem nome? Falta reconhecer a verdade da doença, e como enfrentá-la? No final, combina um importante detalhe: Quem vai trabalhar de verdade, quem vai agir, quem são os protagonistas das ações para fazer o time jogar coletivamente?

Escritor e consultor de empresas.

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