A importância da diferenciação como vantagem competitiva das fintechs
Nos últimos anos, o mercado financeiro foi revolucionado pelas fintechs, que passaram de um status disruptivo para protagonistas indiscutíveis, especialmente no cenário digital. E essa ascensão trouxe consigo um desafio inevitável: a comoditização.
Quando empresas que antes apresentavam soluções inovadoras passaram a oferecer produtos semelhantes, o valor competitivo se diluiu, transformando-se em uma espécie de “mais do mesmo”. Essa padronização leva a uma disputa em que o diferencial do serviço é ofuscado, e o valor estratégico de uma fintech torna-se frágil.
Cada vez mais eu escuto que “toda empresa será uma fintech”, principalmente por conta da facilidade com que serviços financeiros têm sido incorporados a outros segmentos por meio da tecnologia. Contudo, oferecer serviços financeiros é apenas um dos aspectos; o desafio verdadeiro e duradouro é agregar valor ao cliente.
O exemplo recente da Apple, que em parceria com o Goldman Sachs lançou o Apple Card e tentou transformar seu ecossistema em uma plataforma de pagamentos físicos, é emblemático. Embora a tese fosse robusta, o projeto ainda não teve a tração esperada. A parceria precisou ser repensada e a Apple procura um novo parceiro, uma vez que o modelo atual tem um prejuízo relevante.
Isso reforça meu ponto: para se destacar, é necessário mais do que um simples serviço financeiro. A verdadeira vantagem competitiva está na experiência específica, no objetivo em resolver o problema do cliente com profundidade atrelado a um modelo de negócio sustentável.
Essa combinação não é simples e exige foco. Fintechs que conseguem agregar valor real ao público não competem apenas em preço; oferecem uma experiência única que se torna indispensável para o usuário.
Sempre fui muito claro quanto ao meu compromisso, que é o de entender e atender às necessidades dos empreendedores digitais. Valorizamos a proximidade com o cliente, o que nos permitiu moldarmos nossa plataforma ao longo do tempo, oferecendo soluções práticas e voltadas a problemas reais a fim de aprimorar a experiência do cliente.
E é essa abordagem que nos diferencia num mercado onde cada vez mais empresas parecem se apoiar nas mesmas fórmulas básicas.
Aqui na Conta Simples, por exemplo, decidimos direcionar nossa atuação para as PMEs, e muitas delas sofrem com os altos custos e as dificuldades de acesso ao crédito. Foi ouvindo essas demandas que implementamos o Buy Now, Pay Later (BNPL), uma solução que permite a empresas alavancar pagamentos por Pix, boleto ou TED de maneira estendida ou parcelada, flexibilizando o fluxo de caixa, dentro de uma jornada de gestão de despesas. Estamos atentos às dores dos nossos clientes e adaptamos rapidamente nossas ofertas às necessidades que surgem.
Aqueles que se especializam, que se concentram no seu core e fazem bem o que se propõem, continuarão a ter vantagens competitivas. No caso das fintechs, isso significa continuamente buscar novas soluções e adaptar-se às mudanças, garantindo que o valor entregue ao cliente seja relevante e personalizado.
A inovação não é um evento pontual. Ela precisa ser contínua. As fintechs que entenderem isso estarão sempre à frente, enquanto aquelas que optarem pelo caminho da comoditização correm o risco de se tornar apenas mais uma no mercado.
Para que o setor financeiro digital continue avançando, é essencial que as fintechs mantenham sua visão no futuro, questionem e melhorem continuamente. É por meio da personalização, flexibilidade e foco no cliente que nos diferenciamos e garantimos nossa relevância – e é desta forma que entendemos que o mercado financeiro digital realmente progride.
CEO e cofundador da Conta Simples.
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