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OPINIÃO

A importância de se discutir a violência doméstica no Brasil

A notícia que a Justiça de São Paulo negou o pedido de tramitação do divórcio entre a apresentadora Ana Hickmann e Alexandre Corrêa pela 1ª Vara Criminal e de Violência Doméstica e Familiar, com base na Lei Maria da Penha, é antiga, mas ainda nos faz refletir cada vez mais a situação da violência doméstica no Brasil e como a vítima, além de todo o trauma sofrido, passa a ser condenada pela sociedade, ao invés de ser apoiada.

A persistência preocupante da violência doméstica no Brasil exige uma análise aprofundada, especialmente quando casos notórios, como o da apresentadora Ana Hickmann, jogam luz sobre a complexidade dessa problemática. É importante ter uma visão crítica e refletir sobre os impactos dessa violência no seio familiar, considerando nuances específicas do caso em questão.  

A violência doméstica vai além da vítima direta, deixando cicatrizes profundas nas relações familiares. No contexto do caso Ana Hickmann, temos que ressaltar a importância de compreender como a violência pode atingir não apenas cônjuges, mas também filhos e parentes distantes. A análise detalhada da dinâmica familiar envolvida no caso enfatiza a necessidade de um olhar cuidadoso sobre as ramificações dessa problemática.  

Reforço ainda que o silêncio em torno da violência doméstica, um obstáculo significativo para sua erradicação, torna-se ainda mais complexo quando personalidades públicas estão envolvidas. Temos que fazer com que as pessoas se conscientizem e passem a dialogar abertamente sobre os desafios enfrentados por aqueles que sofrem violência doméstica.  

Ações Práticas para Enfrentar a Violência Doméstica em Casos Semelhantes: diante da complexidade do desafio, buscar ajuda profissional, seja jurídica, psicológica ou social, é um dos primeiros passos que pode ser dado. É crucial interromper o ciclo de abuso, mesmo quando figuras públicas estão envolvidas. Temos que lembrar que as mulheres não estão sozinhas neste processo, existem leis e apoio especializado disponíveis para ajudar as vítimas a romperem com a violência doméstica e reconstruírem suas vidas.

Outro ponto que não podemos deixar de destacar é a possibilidade de fatos, como os citados neste artigo, acabam gerando traumas psicológicos nas vítimas. Os impactos podem ser os mais variados possíveis, dependendo de múltiplos fatores, como a natureza, a duração, a percepção da violência sofrida, além do tempo de convívio no relacionamento e a compreensão e identificação da violência, entre outros. Além disso, é comum que enfrentam problemas relacionados à autoestima e confiança pessoal, uma vez que a característica da violência por parceiro íntimo impacta frequentemente a imagem e o círculo social da vítima, levando ao seu isolamento.

Por fim, a exposição prolongada à violência também pode resultar em sintomas depressivos persistentes, mesmo após a interrupção do comportamento violento. Temos que unir as forças dos mais vários personagens envolvidos na criação, gestão e monitoramento de políticas públicas que possam atuar junto a essas mulheres que estão em vias de entrar para esta cruel estatística e uma série de ações também para as que já se tornaram vítimas deste crime tão cruel.

*Ex-prefeita de São Bento do Una (por duas gestões) e atual Deputada Estadual (PSDB)

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