A individualização do rastreamento do câncer de mama
O rastreamento personalizado do câncer de mama tem sido uma tendência cada vez mais forte. Representa uma abordagem diferenciada e adaptada às necessidades individuais de cada paciente, focando na detecção precoce dos tumores malignos. Essa estratégia não adota uma abordagem genérica, mas, ao contrário, leva em consideração uma série de fatores clínicos e pessoais que variam de uma mulher para outra.
O rastreamento do câncer de mama tem o objetivo de encontrar a doença através de exames periódicos, quando ainda não há sintomas ou sinais perceptíveis. A indicação é baseada no fato de que a detecção precoce impacta diretamente nas chances de cura e sucesso do tratamento. A descoberta em estágios iniciais é um importante desafio, pois o tratamento tem até 95% de possibilidade de erradicar totalmente o câncer.
Atualmente, a mamografia é considerada o método ideal para fazer o rastreio, com respaldo em pesquisas e publicações científicas. É indicada pelas principais entidades médicas do Brasil e do mundo a partir dos 40 anos, uma vez ao ano, embora o Sistema Único de Saúde (SUS) a disponibilize apenas aos 50 anos de forma bienal. Entretanto, em alguns casos, a mamografia pode ser limitada e precisa ser complementada com outros métodos de imagem. Além disso, o câncer pode ocorrer em mulheres mais jovens, antes dos 40 anos. Devemos considerar esses fatores na programação individualizada do rastreio.
Através de uma estratificação do risco, que deve ser feita pelo médico, podemos definir a idade para iniciar o rastreamento (que pode ser antes dos 40 anos) e quais os exames a serem realizados (mamografia, ultrassonografia e/ou ressonância magnética). Na avaliação de risco, ainda são avaliados vários fatores pessoais, como o histórico familiar e genético, a densidade mamária, o histórico pessoal e a idade, além de experiências específicas, como irradiação no tórax para algum tratamento médico prévio. Quanto mais pessoas tiverem acesso a esse acompanhamento individualizado, melhores tendem a ser os prognósticos.
Mulheres com histórico familiar forte de câncer de mama ou mutações genéticas (as mais conhecidas são BRCA1 ou BRCA2) devem começar o rastreamento em idades mais precoces e frequentemente utilizar exames complementares, como ressonância magnética, para aumentar a acurácia e possibilitar estratégias de prevenção.
As pacientes com mamas densas, uma característica comum em pacientes mais jovens, precisam de exames adicionais além da mamografia, já que a densidade do tecido glandular pode dificultar a visualização clara de lesões. E aí temos a ultrassonografia e ressonância magnética para auxiliar na detecção.
A idade da paciente é outro fator determinante. Mulheres jovens podem se beneficiar de estratégias de rastreamento distintas daquelas recomendadas para mulheres em fases mais avançadas da vida, já que os tecidos mamários mudam ao longo do tempo.
Além de escolher o método de rastreamento adequado, é fundamental que ele seja contínuo e monitorado ao longo do tempo. Um plano personalizado deve ser reavaliado regularmente, ajustando a frequência dos exames e incorporando novas tecnologias ou abordagens conforme a necessidade e as atualizações dos protocolos.
Essa abordagem direcionada garante que cada mulher seja vista como única, com suas próprias necessidades e riscos, e permite o melhor cuidado possível, já que a detecção precoce é um elemento crucial para a saúde mamária feminina.
* Médica radiologista do Centro Diagnóstico Lucilo Ávila.
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