Agosto laranja: mês de conscientização da Esclerose Múltipla (EM)
Há 10 anos que o mês de agosto ganhou cor em prol da conscientização de uma das doenças autoimune que mais acomete jovens adultos em todo o mundo: a Esclerose Múltipla (EM). Condição, potencialmente incapacitante, do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). O agosto Laranja objetiva esclarecer os mitos dessa condição crônica, fomentar o diagnóstico precoce, mais qualidade de vida, acolhimento, respeito e dignidade para quem convive com a doença, seus amigos e familiares.
No Brasil, estima-se que existam 40.000 casos da doença, uma prevalência média de 15 casos por 100.000 habitantes, conforme a ultima atualização da Federação Internacional de Esclerose Múltipla e Organização Mundial da Saúde publicadas em 2013. O número estimado de pessoas com Esclerose Múltipla no mundo aumentou de 2,1 milhões em 2008 para 2,3 milhões em 2013. A doença atinge geralmente entre pessoas jovens em média entre 20 e 40 anos de idade, predominando entre as mulheres.
A causa da EM é uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética (com alguns genes que regulam o sistema imunológico já identificados) e fatores ambientais, tais como infecções virais, deficiência de vitamina D, tabagismo e obesidade.
Os sinais e sintomas da esclerose múltipla variam a depender da localização dos neurônios comprometidos. Os locais no sistema nervoso, que são alvo preferencial da perda de mielina característica da doença, são o cérebro, o tronco cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal. Os sintomas mais frequentes são fraqueza, dificuldade de equilíbrio, visão dupla e/ou borramento visual, rigidez, dormência e alteração urinária.
Geralmente, a doença inicia-se com a perda de uma função, que pode ser transitória ou definitiva. Sendo essencial o diagnóstico precoce para a melhora clínica. A base do diagnóstico é o exame clínico neurológico com a complementação com exames laboratoriais, de imagem e do líquor.
Após o diagnóstico é instituído o tratamento adequado que se divide no controle rápido de sintomas causados pela inflamação (surtos) e na terapia para controle e prevenção de novos episódios de surtos que geram inflamação e desmielinização dos neurônios do cérebro ou da medula espinhal.
Tendo o diagnóstico confirmado e tratamento instituído com acompanhamento regular o paciente pode ter uma vida normal. É fundamental, não só o acompanhamento com neurologista, mas com equipe composta por profissionais de enfermagem, fisioterapia, fonoterapia e psicologia.
O Centro Estadual de Referência para Atenção a Pacientes Portadores de Doenças Desmielinizantes do Hospital da Restauração (HR) é um exemplo de serviço com equipe multiprofissional e tem sido modelo para diversos estados em todo Brasil ao longo dos seus 25 anos de atividade.
* Médico Neurologista do Hospital da Restauração (HR).
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