As Olimpíadas. A história revisitada. O legado brasileiro. Paris
As olimpíadas estão intimamente ligadas a França. O seu renascimento ocorreu no fim do século 20. Entre 1900 e 1992 a Cidade Luz sediou os jogos cinco vezes.
Foi no longínquo dia 23 de junho de 1894, que Pierre de Coubertin, segundo dados históricos, reviveu os jogos olímpicos na Universidade de Sorbonne, em Paris, berço do Comitê Olímpico Internacional.
As olimpíadas datam de 776 a.C, e surgiram na Cidade de Olímpia, na Grécia Antiga. Eram envoltas em misticismos e homenageavam os deuses antigos, entre eles, Zeus. Cessado o tempo antigo, as mesmas reacenderiam após decorridos 1503 anos.
Convencionou-se que existem sete valores associados aos jogos. Os valores olímpicos são: a amizade, a excelência e o respeito. Os valores paraolímpicos são: a determinação, a coragem, a igualdade e a inspiração.
Alguns setores do conservadorismo francês, mundial e da Igreja Católica, criticaram a abertura dos jogos em algumas das sequencias do espetáculo, principalmente quando se parodiou a ÚLTIMA CEIA, imagem de forte simbologia cristã.
Se a França tem fantástica história que conduziu o mundo, Paris também tem um passado engrandecedor. Fundada pela Tribo Celta dos Parisios que se fixaram em uma ilha do Rio Sena, esse conjunto de habitantes composto principalmente de pescadores e marinheiros viria a ser subjugado pelo Império Romano que o denominou Lutécia. Somente no século IV seu nome seria Paris, depois da resistência à invasão de Átila.
Clovis, em 508, instalou ali o seu reinado, ele era o rei dos francos e foi o primeiro bárbaro a se tornar católico depois da queda do Império Romano do Ocidente.
Paris jamais deixou de fazer história, que está representada nos seus logradouros e monumentos. A Praça Concorde construída entre 1757 e 1779 foi edificada com o nome de Praça Luis XV. Em 1792 o logradouro foi desfeito e a praça passou a ser chamada de Praça da Revolução. Na época do terror ali instalou-se uma guilhotina.
Nela morreram mais de 1200 pessoas, inclusive Luis XVI, a rainha Maria Antonieta, e também Robespierre. O Arco do Triunfo foi construído por Jean Chalgrin em 1806 por determinação de Napoleão Bonaparte.
A Catedral de Notre-Dame é considerada o mais belo de todos os monumentos da arquitetura gótica francesa, sendo esta a edificação mais visitada de Paris. O Palácio de Versalhes foi construído por Luis XIV, ele é célebre pelos seus jardins. A Torre Eiffel é tida como o monumento mais representativo da França. E muito mais.
Paris não é atração hoje. Sempre foi e sempre será. Entre 1944 e 1960 célebres escritores norte-americanos emigram para lá. Entre eles Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, James Baldwin, Willian Styron, James Jorres e outros. O que seria uma geração perdida encontrou seu rumo.
Foram só eles? Não. Em seu livro A História do Brasil nas Ruas de Paris, Maurício Torres Assumpção nos conta: “em 23 de junho de 1903, Alberto Santos Dumont sobrevoou a avenida dos Champs Élyseés, em Paris, com seu pequeno balão dirigível”. Naquela ocasião Santos Dumont aterrissou o aparelho e subiu ao seu apartamento. De lá, admirou-se com a Torre Eiffel e a multidão que o aguardava.
O autor também nos conta o constrangimento que D. Pedro II passou em Paris quando visitou Victor Hugo sem avisar e foi recebido. O escritor estava só, cuidando dos seus dois netos após a morte do seu filho e da nora. Dialogaram. Posteriormente Victor Hugo visitou D. Pedro no Grand Hôtel, presenteando-o com uma foto dos dois netos.
Em 1952 Villa-Lobos festejou o cinquentenário de sua carreira em Paris: já havia se tornado um enamorado da Cidade Luz.
Em Paris Oscar Niemeyer também se fez presente. Construiu a sede do Partido Comunista Francês. Acolhido pela França, Niemeyer sobreviveu aos vilipêndios da ditadura militar de 1964.
Em uma das viagens a Paris, Arnaldo Guinle levou Pixinguinha que integrava o grupo musical Oito Batutas. Não deu outra. O instrumentista botou Paris para sambar.
Foi também na França que o Iluminismo foi recepcionado nas ideias assentadas na razão, na liberdade, na democracia e na separação entre Igreja e Estado. Absorvendo-se a liberdade individual e a tolerância religiosa como práticas.
Adveio também da França a Belle Époque, ou Bela Época, movimento que imprimiu transformação nas artes, na cultura em geral e na política entre 1870 e 1922 com repercussão na Semana da Arte Moderna, no que se convencionou chamar o Século das Luzes.
Mais uma vez a França revive os valores da Revolução que derrotou o absolutismo. De maneira saiba Emmanuel Macron dissolveu o parlamento e convocou novas eleições. Pragmática, Hélène Le Cacheux disse: “Devemos nos unir para derrotar a extrema direita.” Do Bloco de esquerda os socialistas foram os mais votados. Em reforço a eurodeputada Manon Aubry afirmou: “melhor maneira de lutar contra a extrema direita é ter uma esquerda forte”.
A influência francesa no Brasil também foi considerável, não só pela Belle Époque, mas também pelos movimentos artísticos do Impressionismo e do Art Nouveau.
Com seus aclives e declives que atravessam os séculos, Paris será sempre a Cidade Luz. Talvez por isso Ernest Hemingway tenha dito: “Existem dois lugares no mundo onde se pode ser feliz: em casa e em Paris.
*Procurador de Justiça do Ministério Público de Pernambuco. Diretor Consultivo e Fiscal da Associação do Ministério Público de Pernambuco. Ex-repórter do Jornal Correio da Manhã (RJ)
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