Autismo e o desafio da Autonomia
A falta de autonomia pode ser muito prejudicial ao bem-estar e no desenvolvimento da criança e jovens no espectro do transtorno autista. Por isso, é importantíssimo promover atividades que estimulem a comunicação fortalecendo sua independência. E isso vai além da fala.
É preciso estar atento às atividades da vida diária. Para trazer similaridade ao dia a dia, algumas clínicas especializadas dispõem de espaços que remetem a ambientes como quarto, cozinha, horta, etc. A ideia é justamente que as crianças e jovens possam encontrar ali um ambiente similar ao que tem em casa ou na rua, para que possam ter a maior independência possível. No espaço da hortinha, por exemplo, elas mexem com a terra, no ambiente do quarto aprendem a arrumá-lo e na cozinha a mexer nas panelas.
A gente orienta que o especialista ensine as famílias a estimularem a interação social por meio de jogos e atividades que incentivem a comunicação. Para isso, podem se envolver em atividades que explorem o compartilhamento de interesses, em que cada um tenha sua vez de participar, e também pratique com frequência a iniciativa comunicativa seja apontando, levando-a até o objetivo, perguntando e/ou até respondendo.
Destaco também que quando se fala em comunicar, inclui-se também a comunicação não verbal, onde a criança e jovens dentro do espectro possa também utilizar-se de pranchetas comunicativas. São formas de transmitir uma mensagem e cada criança terá sua peculiaridade. É importante que este cuidado se inicie nos primeiros anos de vida.
A comunicação é uma das áreas mais comprometidas em uma pessoa com TEA. Ainda na infância, é possível observar a dificuldade em se comunicar, como, por exemplo, o atraso na fala, alguns autistas até conseguem falar palavras e frases curtas, porém isso também não quer dizer que eles saibam especificamente o que a palavra significa ou até mesmo, que essa iniciativa de fato seja funcional. Fazer perguntas também ajuda muito, utilizar imagens que representem sentimentos ou ação.
Algumas tarefas da vida diária, como escovar os dentes e ir ao banheiro podem ser facilitadas por meio de imagens. A criança autista gosta de previsibilidade e rotina. Cabe aos pais com sua sensibilidade e as orientações dos especialistas promover na criança autista a maior autonomia possível.
* Neurocientista e sócio-fundador da Somar Special Care.
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