Opinião

Avanços e desafios do Universo do Autismo

Neste dia 02 de abril, os olhos do mundo se voltam para o Dia Mundial de Conscientização do do Transtorno do Espectro do Autismo, que é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por comprometimentos na comunicação, interação social e em padrões de comportamentos repetitivos e restritivos. Segundo dados do CDC (Centro de Controle de Prevenção e Doenças) publicados em março de 2023, uma em cada 36 crianças de 8 anos de idade são autistas nos EUA, ou seja, 2,8% da população. Se extraporlarmos a mesma proporção desse estudo do CDC com a população brasileira, estima-se que existam aproximadamente 5,95 milhões de autistas no Brasil, apesar de numerosos, eles ainda sofrem para encontrar um atendimento adequado sobretudo se depender da saúde pública. Existem diversas propostas de intervenções terapêuticas e multidisciplinares baseadas na Análise Comportamental Aplicada (ABA no inglês)  no processo terapêutico da criança, ao qual, vão depender do objetivo e comportamento a ser trabalhado e desenvolvido. Porém, muito pouco se fala sobre os avanços no campo tecnológico de evolução das Neurociências, como a Neuromodulação.  Essas técnicas tem sido estudadas e vem demonstrando resultados que já são utilizados em clínica, com o objetivo de ser uma internveção complementar no tratamento de pessoas com autismo. Existem diversas técnicas de neuromodulação, tais como: estimulação magnética transcraniana, estimulação transcraniana por corrente, nesse artigo vamos falar sobre o neurofeedback, cujo o principal objetivo é melhorar o funcionamento e desempenho de toda atividade cerebral, e consequentemente isso impactar em melhorias de comportamento para a pessoa. De acordo com o estudo de Datko e colaboradores em 2018, publicado na European Journal of Neuroscience, existem diferenças significativas na atividade cebral crianças com autismo, após as sessões de Neurofeedback, demonstrando ganhos em vários aspectos comportamentais, como: melhora atencional, redução da hiperatividade, e melhora do controle inibitório. Em revisão sistemática, publicada em 2021 no Journal of Psychophysiology, Van Dongen demonstrou evidências da eficácia do neurofeedback, bem como os efeitos benéficos a longo prazo para o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Existem diversas outras publicações e indicações da aplicação do neurofeedback para crianças com autismo, a literatura vem evoluindo cada vez mais. Sendo assim, o Neurofeedback é uma intervenção complementar importante no desenvolvimento terapêutico da criança, adolescente e adulto com autismo. O neurofeedback pode modificar atividades cerebrais desreguladas e isso ter repercussão em melhora da hiperatividade, falta de atenção e foco, na redução da ansiedade, na melhora da aprendizagem e demonstrar impulsionamento nas funções executivas. Portanto é uma proposta inovadora e complementar no tratamento das crianças com TEA, levando elas, ao seu melhor potencial cerebral.

*PhD em Neurociências e sócio Pesquisador da clínica SomarNeuro.

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