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OPINIÃO

Beleza ministerial

Recentemente, causou grande balbúrdia as declarações do Presidente da República Federativa do Brasil, ao emitir juízo de valor estético da ministra das Relações Institucionais. Deixando os discursos acalorados sobre o tema, em que estão  recheados de interesses políticos, surge a seguinte questão: o que é o belo? 

Embora o gosto seja algo do campo da subjetividade, David Hume sugere que existe um tipo de sensação, sendo ela comum  a uma parcela significativa da humanidade. Mesmo assim, surge uma outra questão: será que o gosto realmente existe em todo ser humano ou se torna um produto da educação que recebe? 


Se o gosto é um sentimento e está ligado a sensação, quando tratamos de beleza, a mesma não está exatamente na coisa em si, mas no que consegue despertar sentimentos nas pessoas. Não é debalde a seguinte frase: a beleza está nos olhos de quem vê. Porém, se o belo pode ser considerado algo racional, o mesmo deve ser encarado como característica da coisa em si. Assim, concluiu David Hume que a beleza nada mais é que um sentimento com raiz subjetiva. Mesmo assim, nada impede da existência de um senso comum com relação ao gosto.


Na visão kantiana, assim como Hume, a questão da beleza não é algo objetivo, ou seja, existe no juízo um padrão. Conclui-se que para Kant, a diferença do gosto que se percebe diariamente não é porque o belo não seja objetivo, mas  o problema é que o sujeito nem sempre fica desinteressado e sem pensar na teleologia do contemplar artístico.
Segundo Platão, a educação para o gosto seria do amor à verdade do mundo inteligível, acontecendo a libertação da alma através de uma escalada.

Na verdade, amar primeiramente a beleza física dos objetos deveria ser visto como o estágio inicial dessa educação. As almas devem buscar amar primeiramente o que se entende por beleza sensível, para depois alcançar o amor pela  beleza dos universais. Assim, primeiro se deve amar os belos corpos e logo depois as belas ações.
 

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