Desafios e oportunidades para a economia em 2025
O ano de 2024 foi marcado por desafios econômicos significativos para o Brasil, que, mesmo com a expectativa de registrar um PIB de 3,5%, enfrentou uma inflação persistente, altas taxas de juros e o impacto de um câmbio volátil. O cenário, no entanto, apresenta tanto obstáculos quanto oportunidades, refletindo um contexto de recuperação econômica desigual, mas que oferece lições importantes para o futuro.
Uma dessas lições tem a ver com a inflação e seus impactos no poder de compra. Medida pelo IPCA, ela ultrapassou o teto da meta estabelecida pelo governo para 2024, encerrando o ano em 4,83%.
A meta era de 3,0%, com uma margem de 1,5 ponto percentual, ou seja, o intervalo desejado ficava entre 1,5% e 4,5%. Embora esse número ainda seja moderado, ele reflete uma pressão inflacionária que continua a impactar o poder de compra das famílias brasileiras, principalmente nas camadas mais vulneráveis da população.
Além disso, o aumento nos custos de produção, em grande parte devido à valorização do dólar, pressionou os preços dos insumos importados e contribuiu para o repasse de custos ao consumidor. A elevação dos preços de produtos e serviços é uma preocupação constante, sendo um dos principais desafios para a estabilidade econômica do país.
Por outro lado, em resposta ao cenário inflacionário, o Banco Central optou por manter a taxa Selic em patamares elevados, encerrando 2024 com 12,25%. Essa taxa de juros coloca o Brasil em uma posição, digamos, desconfortável, ocupando o segundo lugar no ranking mundial dos maiores juros reais, atrás apenas da Turquia. Os juros reais representam o custo de oportunidade do capital, ou seja, o retorno que o investidor obtém descontado da inflação.
A alta da Selic pode ser vista como uma medida necessária para controlar a inflação, mas seus efeitos sobre o consumo e o investimento privado são prejudiciais a curto prazo. Em 2025, a expectativa é de novos aumentos, o que pode dificultar o acesso a crédito e prejudicar a recuperação de setores mais dependentes de financiamento, como a indústria.
O segmento industrial, especialmente, passou por uma recuperação significativa, com destaque para a produção de bens de capital e de consumo duráveis, beneficiada pela competitividade do câmbio.
Outra notícia boa é a queda na taxa de desocupação no Brasil. Isso reflete uma melhoria no mercado de trabalho, com um número crescente de pessoas encontrando ocupação. O mesmo pode ser observado em Pernambuco, que teve uma redução significativa na taxa de desocupação, embora ainda figure no topo do ranking estadual.
No âmbito regional, a FIEPE teve um papel fundamental na articulação de ações que visam melhorar o ambiente de negócios no estado. A extinção do Fundo Estadual de Equilíbrio Fiscal (FEEF), sancionada pela governadora de Pernambuco, é um exemplo disso. Nós atuamos como mediadores entre o setor produtivo e o governo, contribuindo para uma decisão que pode melhorar a competitividade da indústria pernambucana.
Além do mais, o fornecimento de gás natural para a região do Araripe, que começou em fevereiro de 2024, foi uma conquista histórica para a FIEPE, facilitando o desenvolvimento de um setor industrial mais eficiente e sustentável. A melhoria da infraestrutura também é uma prioridade para o estado, com o lançamento do edital de licitação para o Arco Metropolitano do Recife, um projeto que promete transformar a mobilidade na região.
Em resumo, embora haja uma boa projeção do PIB para 2024, o que se pode dizer é que a economia continua a enfrentar desafios estruturais que exigem reformas profundas. O ano de 2025 deverá ser marcado pela continuidade de uma política monetária restritiva, com a Selic projetada para alcançar 14,25%, e a valorização do dólar, que continuará a impactar a competitividade das empresas.
Contudo, as lições aprendidas em 2024 podem ajudar a consolidar um crescimento mais sustentável e inclusivo no futuro. A recuperação do mercado de trabalho, os investimentos em infraestrutura e a articulação do setor produtivo com o governo são elementos cruciais para o sucesso de um modelo de desenvolvimento mais equilibrado.
* Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco.
___
Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail [email protected] e passam por uma curadoria para possível publicação.