ESG e o mercado de seguros: práticas e impactos reais na sociedade
O conceito de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) não é apenas uma tendência passageira no mercado de seguros, mas uma necessidade premente que redefine a forma como empresas e consumidores interagem com o setor. O mercado segurador está na linha de frente quando se trata de enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, já que eventos extremos, como enchentes e secas, estão se tornando mais frequentes e intensos, exigindo que as seguradoras se adaptem rapidamente. Recentemente, em conversa com agentes do mercado segurador promovida pelo Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste, eu trouxe como um triste exemplo o recente desastre no Rio Grande do Sul como um alerta para a urgência dessas adaptações. As seguradoras precisam desenvolver apólices que não apenas cubram os danos causados por esses eventos, mas também que sejam ajustadas às especificidades regionais. Esta personalização é vital para fornecer proteção adequada, refletindo a necessidade de uma abordagem menos massificada e mais local. No Brasil, questões sociais como a alta taxa de evasão escolar e o envelhecimento da população apresentam desafios únicos para o setor de seguros. Metade dos alunos que iniciam o ensino primário não concluem o ensino médio, e o país está enfrentando um crescimento demográfico estagnado. Essas dinâmicas têm um impacto direto na previdência social e privada, na geração de empregos e na renda. Para responder a essas mudanças, as seguradoras precisam criar produtos que atendam às necessidades de uma população em transformação e desenvolver iniciativas que promovam a inclusão financeira, garantindo proteção para todos os segmentos da sociedade. Já a governança é o alicerce de uma empresa sustentável. Práticas transparentes, responsabilidade fiscal e ética nos negócios são essenciais para construir credibilidade e confiança com os stakeholders. A adoção de metas claras e mensuráveis dentro dos conceitos de ESG é crucial para o sucesso. As empresas devem incorporar objetivos específicos de sustentabilidade em seus planejamentos estratégicos, promovendo uma abordagem integrada e equilibrada. Mas a transição para um modelo de negócios baseado em ESG não é isenta de desafios. A resistência ao foco exclusivo no lucro dos acionistas e a falta de métricas padronizadas para avaliar o desempenho são obstáculos significativos. Além disso, a implementação de práticas ESG pode aumentar os custos operacionais e exigir um esforço considerável na definição e monitoramento de metas. No entanto, esses desafios devem ser superados pela necessidade urgente de responder às crises ambientais e sociais que afetam o mundo. Em resumo, a adoção de práticas ESG no setor de seguros não é apenas uma questão de responsabilidade corporativa, mas uma estratégia vital para a sobrevivência e prosperidade a longo prazo. Empresas que abraçam essa mudança não só se alinham com as expectativas modernas de sustentabilidade, mas também abrem caminho para melhores resultados financeiros e maior acesso a investimentos.
*EXECUTIVO SÊNIOR DE MARKETING E VENDAS, CONSULTOR DE STARTUPS E ESPECIALISTA EM ESG