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OPINIÃO

Estudante e universidade: uma relação muito além da sala de aula

Em um mundo onde a educação é essencial para moldar os profissionais do futuro, é necessário repensar o papel do estudante dentro das instituições de ensino superior. Ao contrário da visão tradicional que os trata como simples clientes, uma educação de qualidade reconhece que eles são muito mais do que isso: compreender a importância de prepará-los não apenas para o mundo do trabalho, mas também para serem cidadãos conscientes e responsáveis, capazes de impactar positivamente a sociedade, é o primeiro passo.

Mais do que uma universidade, a educação superior precisa ser um espaço de acolhimento e valorização do estudante em sua integralidade, compreendendo-o como um ser humano complexo. Afinal, a jornada acadêmica não se resume apenas à obtenção de um diploma; trata-se de uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional, onde cada um busca desenvolver seu potencial ao máximo.

O modelo educacional tradicional frequentemente coloca o estudante em um papel passivo, preparando-o para se ajustar aos padrões estabelecidos pela sociedade. Entretanto, é uma estrutura que não mais atende às necessidades do mundo contemporâneo. Em uma sociedade em transformação, os professores deixam de ser meros transmissores de conhecimento para se tornarem mediadores da aprendizagem. E os jovens passaram a ser protagonistas de seu processo de aprendizagem - e aqui sua experiência vai muito além das salas de aula, dos livros e do conhecimento teórico: é necessária uma abordagem centrada no estudante.

Pesquisas corroboram a relevância da adoção dessa perspectiva; um estudo realizado nos EUA em 2016 revelou que 65% dos educadores consideram essa abordagem extremamente valiosa para o desenvolvimento de habilidades essenciais aos estudantes. Já um levantamento da PwC constatou que 67% do público na Espanha acredita ser mais importante que o ensino estimule a criatividade e o pensamento independente do que a disciplina.

Estudantes devem ser vistos como indivíduos únicos, com histórias de vida distintas e uma gama de emoções e experiências que influenciam diretamente seu desenvolvimento; por isso, quando gestores e professores decidem adotar uma postura mais inclusiva, reconhecendo o potencial individual de cada um para contribuir com sua própria educação, ele se torna um participante ativo do processo educativo.

Instituições de ensino devem reafirmar seu compromisso em oferecer uma educação de qualidade, que vai além do ensino técnico, preparando cidadãos para os desafios do século XXI: é hora de reconhecer que não estamos diante de meros clientes, mas sim de agentes protagonistas da sua própria jornada acadêmica.

*Martins é vice-reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

 

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