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opinião

Governador Eduardo Campos, sempre inovador

Na política de Pernambuco sempre se ventilou que o Dr. Miguel Arraes, que foi um nome nacional e que apesar das adversidades regionais, sonhava em se eleger Presidente da República do Brasil. Tempos depois, Eduardo Campos, neto e herdeiro político do Dr. Arraes, em uma atitude ousada e com forte capital político, se tornaria candidato ao cargo máximo da nossa nação. 

Eduardo construiu uma trajetória cintilante desde a conclusão do Curso de Economia na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Era casado com a auditora do Tribunal de Contas de Pernambuco Renata Campos, com quem teve cinco filhos, dois dos quais, seguindo o caminho do pai: João Campos elegeu-se Deputado Federal e, atualmente, Prefeito da Cidade do Recife, e Pedro Campos, que foi eleito Deputado Federal. Ainda em 1986, Eduardo Campos teve a oportunidade de estudar nos Estados Unidos fazendo um Mestrado, mas preferiu participar da campanha que elegeu o Dr. Miguel Arraes como Governador do Estado de Pernambuco, sendo convidado para a chefia de gabinete, contribuindo expressivamente na criação  da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia.

Em 1994, foi eleito Deputado Federal com mais de 130 mil votos, tornando-se, a convite do Governador Miguel Arraes, Secretário da Fazenda do Estado, entre os anos de 1995 e 1998. Logo depois, ainda em 1998, disputou nova eleição, elegendo-se novamente, como Deputado Federal com mais de 170 mil votos. Nessa legislatura, tornou-se Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro, com notável contribuição ao Patrimônio Histórico Brasileiro. 

Em 2004, a convite do Presidente Lula, assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, onde desenvolveu impecável trabalho. Em 2005, assumiu a presidência nacional do PSB. Em 2006, foi eleito Governador do Estado de Pernambuco, e assim, por dois mandatos, 2007 – 2014. Como governador, revolucionou o Estado com uma nova abordagem nas questões políticas exercendo o poder com espírito inovador, administrando-o com extrema dedicação ao adotar a meritocracia e o zelo com o erário público. 

Estabeleceu metas e prêmios por desempenho e criou uma espécie de empreendedorismo seqüenciado através de inúmeros projetos e obras espalhadas por todas as regiões, como a Transnordestina, a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, a fábrica de hemoderivados da Hemobrás e a recuperação da rodovia BR 101.

Aliada à sua capacidade de trabalho, conseguiu aumentar, consideravelmente, os investimentos privados no Estado, tornando-o um polo de atração e destaque no Nordeste. Ampliou o número de Escolas Estaduais (em tempo integral), além da construção de inúmeras  Escolas Técnicas. Implantou o Programa Pacto pela Vida, reduzindo largamente o número de homicídios noticiados no Estado, além de construir numerosas UPAS e mais três grandes hospitais, melhorando indubitavelmente, o sistema de saúde do Estado. Eduardo, na verdade, estabeleceu em Pernambuco uma ambiência de modernidade administrativa e justiça social tornando-se, portanto, diante de todos esses fatos, um líder nacional.

Habilidoso e raríssimo negociador, construiu em seu entorno uma ampla aliança, obtendo, assim, excelentes resultados políticos, levando-o a decidir-se e iniciar a sua maior empreitada política, que seria a candidatura à Presidência da República. Acolhe a senadora e ambientalista Marina Silva como vice em sua chapa e a campanha ganha projeção nacional.

Eduardo encerrava um humanismo presente, um carisma envolvente e uma sociabilidade incontestável. Era considerado como um dos mais promissores políticos da sua geração com toda uma vida de esperança à frente, mas veio a falecer aos 49 anos de idade de maneira trágica e absurda, e ainda, para muitos, inexplicável, deixando uma imensa lacuna na política do Estado de Pernambuco e do País. A defesa do seu legado tem sido revelada pelos seus amigos – muitos dos quais ainda hoje perplexos – e pela sua família, sobretudo, no presente, pelos seus dois filhos Pedro Campos e João Campos, os quais seriam motivo de orgulho para ele.

Eduardo jamais ignorou ou foi indiferente a quem o ajudou a eleger-se como um dos maiores governadores do Estado de Pernambuco, atributo inerente somente aos notáveis, razão da sua incontestável liderança.     

* Arquiteto, membro do CEHM, membro do Instituto Arqueológico, histórico e Geográfico Pernambucano e professor titular da UFPE

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