Iniciando 2025: (re) organizando os passos da vida
Eis que mais um ano se inicia trazendo uma infinidade de possibilidades nas vidas das pessoas. Mas será que essa temporalidade a que estamos acometidos é capaz de promover mudanças efetivas nas vidas das pessoas? Há quem diga que a chegada do ano novo possui o condão de: propiciar mudanças nos hábitos pessoais, reenergizar a força motriz dos trabalhadores, abrir novos horizontes em diversos campos, dentre outras tantas possibilidades mais.
Apesar da concepção temporal vigente em nosso tecido sociocultural ocidental, na qual o tempo cronológico acaba sendo divisor de águas de muitas questões, urge ressaltar: o tempo não para! Tradicionalmente, as pessoas tendem a criar diversas expectativas no período em que se fecha o ciclo de um ano e se espera a chegada do vindouro.
É como se existisse de fato algo apto a moldar o que as pessoas fazem ou não, mesmo sendo a pessoa o sujeito de suas próprias ações. Emergem, pois, infinitas e curiosas possibilidades, como podemos observar no excerto do Hino do Ceroula: “Eu vou esse ano pra lua. Não é privilégio, foguete já tem. Eu quero ver se o carnaval de rua. De Collins e Neil Armstrong já disse vai bem”.
Esse ideário termina sendo responsável por toda uma ordem de alinhamentos de perspectivas futuras quanto a mudanças nas vidas das pessoas. Há quem pense, por exemplo, em iniciar um novo curso. Vale aqui frisar novamente, o tempo não para, não cessa. São as pessoas que se movimentam ou ficam inertes. Consoante tão bem asseverou Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para. Não para, não para”.
Trata-se de um momento de muitas celebrações e de reorganização dos passos da vida. Um verdadeiro misto de festejos e planejamentos. Contudo, nem sempre os planos e metas traçados são colocados em prática pelos sujeitos em suas vidas envoltas de muitas vicissitudes. Outrossim, passado o réveillon, as pessoas naturalmente respiram uma atmosfera de mudança, mesmo que nada mude efetivamente. Com a chegada do novo ano, é hora de estarmos então a postos. Faz-nos, assim, lembrar o que é dito no Frevo do Galo: “Acorda Recife, acorda. Que já é hora de estar de pé. Levanta, o carnaval começou. No bairro de São José”.
Mesmo que sejamos por demais conscientes das dificuldades para colocarmos em termos práticos aquilo que projetamos para o ano novo, é de suma importância estabelecermos nossas metas. Não se pode viver sem projetar os próprios passos. Isso seria viver erroneamente à deriva. Essa passagem cíclica é favorável a tanto. Mas a bem da verdade, tudo é relativo. Tal entendimento é cristalino na composição de Chico Science: “Que eu me organizando posso desorganizar. Que eu desorganizando posso me organizar. Que eu me organizando posso desorganizar”.
Reverenciando analogamente o povo pernambucano que exalta com tanta alegria e entusiasmo o período carnavalesco, evoé: 2025 chegou! E todos clamam por um melhor porvir em suas vidas. Inexoravelmente, o ano inicia já se preparando para a maior festa popular do Brasil que é o carnaval. Assim, as prévias já denotam o tom dos festejos nessa época do ano.
O ano inicia e a esperança é sempre renovada, assim como também ocorre a cada novo alvorecer. Faz-nos lembrar de uma bela canção da Banda de Pau e Corda: “O Recife acordou deu bom dia. Encontrou todo o povo nas ruas. Nas pontes, nas praças, se amando. Se encontrando com alegria”. Poderemos, desse modo, reorganizarmos os passos da vida. Iniciar bem o ano é parte primordial nessa arte de viver bem os ciclos cronológicos. Em suma, que tenhamos todos muita saúde, amor, paz e fé para que alcancemos os objetivos projetados para o ano que inicia. Viva 2025.
* Advogado e professor.
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