Mais presencial e menos flexível? O que esperar do trabalho híbrido em 2025
O retorno ao escritório ganhou novo fôlego no segundo semestre de 2024, marcando uma inflexão na forma como as empresas encaram o trabalho híbrido. Segundo o relatório Flex Report Q4 2024, a porcentagem das organizações americanas que não exigiam trabalho presencial caiu de 32% para 25%, enquanto aquelas que demandam três dias semanais no escritório subiram de 19% para 28%.
Apesar do aumento médio de 0,29 dia presencial por semana parecer modesto, ele aponta para uma tendência clara: os negócios estão ajustando suas estratégias para encontrar um novo equilíbrio entre flexibilidade e produtividade.
Essa mudança, no entanto, não sinaliza o fim do trabalho híbrido, mas sim sua transformação, pois a flexibilidade permanece uma prioridade estratégica, especialmente na atração e retenção de talentos.
Já existem estudos, como os publicados pela MIT Sloan Management Review, destacando que o sucesso desta modalidade depende de lideranças preparadas para gerenciar equipes de forma eficaz e promover a colaboração, comunicação e cultura organizacional. Assim, 2025 desponta como um ano importante para o desenvolvimento de novas habilidades gerenciais.
Entre as melhores práticas para o sucesso está a transparência nas políticas corporativas, que surge como elemento central. Os colaboradores precisam de clareza sobre as expectativas: é necessário comparecer ao escritório três dias por semana? Dois? A comunicação clara evita interpretações conflitantes, garantindo que todos se sintam tratados de maneira justa. Isso reflete diretamente no engajamento, evitando insatisfações que podem prejudicar o desempenho coletivo.
Outro ponto importante é a mudança de foco na avaliação de desempenho, que deve priorizar resultados em vez de atividades. As empresas que oferecem flexibilidade para os trabalhadores gerenciarem seus horários, frequentemente, colhem frutos em termos de inovação e produtividade. Essa abordagem reforça a confiança no time, ao mesmo tempo em que promove um ambiente mais saudável e focado em objetivos claros, aumentando o engajamento e a retenção de talentos.
A personalização também tem um papel essencial, por isso, permitir que unidades de negócios definam horários presenciais de acordo com suas necessidades específicas é uma forma eficaz de alinhar tarefas sem sacrificar a eficiência.
Por exemplo, equipes financeiras podem priorizar a presença física durante o fechamento mensal, enquanto times jurídicos e comerciais se ajustam a demandas trimestrais. Esse modelo flexível respeita as particularidades de cada área, maximizando resultados.
Por fim, investir em conexão pessoal e limites claros de comunicação fortalece a cultura organizacional e o bem-estar dos colaboradores. Reservar minutos iniciais de reuniões para trocas informais e discutir expectativas sobre a comunicação fora do horário de trabalho são práticas simples, mas poderosas, para cultivar um ambiente mais humano e colaborativo.
O futuro do trabalho híbrido está longe de ser uma regressão ao modelo presencial tradicional. Na verdade, é uma evolução que exige preparo das lideranças para alinhar flexibilidade e produtividade. À medida que 2025 avança, organizações que adotarem essas práticas estarão mais bem posicionadas para atrair talentos, impulsionar a inovação e fortalecer suas culturas corporativas.
* CHRO (Diretor de Recursos Humanos) da P3.
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