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Meninos não entram

As histórias em quadrinhos surgiram no final do séc. XIX, nos EUA. Lá e aqui (Brasil), também eram/são chamadas de gibis, que tem como origem a palavra latina gibbus, que significa pessoa corcunda com corpo disforme. No Brasil, gibi tornou-se gíria, com viés racista, para meninos negros. Em algum momento, os dicionários incorporaram a palavra com dois significados: 1- revista em quadrinhos com narrativa dividida em partes e ilustrações e 2- moleque negro, negrinho.

Os gibis fizeram sucesso no mundo ocidental, a maior parte oriunda dos EUA. Traziam enredos com heróis, para todos os gostos. Em 1935, a cartunista norte-americana Marjorie Buell (Margie) lançou HQ tendo como personagem principal Litle Lulu, que chegou ao Brasil em 1955 e recebeu nome abrasileirado de Luluzinha. Ainda que de forma velada (sutil), Luluzinha trouxe a bandeira da emancipação feminina. Seu colega Bolinha criou um clube com o slogan “meninas não entram”; ela, por sua vez, criou o clube feminino, vetado aos meninos.

Coincidentemente ou não, o movimento da Luluzinha deixou marcas. Grupo de mulheres da Coreia do Sul criou o movimento 4B, que tem como regra: não ter sexo com homens, não dar à luz, não namorar homens e não se casar com homens. A maioria das integrantes tem menos de 30 anos e são conectadas ao mundo virtual. Alguns especialistas dizem que é mais que um estilo de vida, é uma forma de fazer política. Walfrido (1) jura que já chegou no ocidente e que o “Me Too” é um apêndice do movimento sul coreano.

É legítimo e preocupante. Fora do movimento, naquele país, 65% das mulheres não querem filhos e 48% dos homens também não. Hoje, o planeta vive o problema da baixa natalidade e a Coreia do Sul é a campeã do mundo. Não está só. Até o ano de 2100, apenas 3%, seis entre 204 países terão níveis sustentáveis de nascimentos para reposição sustentável da população: Samoa, Somália, Tonga, Nigéria, Chad e Tajikistão. O Brasil está no grupo dos outros 198 países.

Pernambuco, que tinha uma taxa de fecundidade de 2,5, recuou para 1,6 filho por mulher. Em 2038 (amanhã), a população vai estar reduzida e com aumento do número de idosos. A Bahia, que também tem uma baixa taxa de fecundidade, em menos de 50 anos, terá 40,3% da população com mais de 60 anos de idade e será o 2º estado do país mais envelhecido. 

O Nordeste não tem e não terá condições de absorver essa mudança. Dentre os pontos graves, está o desequilíbrio das receitas (arrecadação) x despesas (aposentadorias). Não se descarta a possibilidade de os aposentados continuarem contribuindo para a Previdência pós-aposentadoria. Queda e coice.

(1) penífero tagarela que aparece de vez em quando na minha janela, fala em português e canta em vários idiomas.

 

* Executivo do segmento shopping centers
([email protected])

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