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Na Estrada brasileira, o único caminho possível é a inovação

A Estrada é o principal ponto de passagem de mercadorias no Brasil. Por essa razão, muito do que acontece nesses quase dois milhões de quilômetros de norte a sul do país tem potencial de afetar nosso dia a dia.

As más condições das rodovias, os roubos de carga, acidentes, as falhas de infraestrutura e a ineficiência logística elevam as despesas com frete, gerando gastos adicionais para todo mundo.

De acordo com o estudo da Fundação Dom Cabral de 2022, há setores em que os custos com logística equivalem a cerca de 20% do faturamento bruto, como agro, construção, papel e celulose e mineração.

Um extra, que acaba se refletindo na alta de preços de vários produtos, na redução da capacidade de investimento das companhias e em sua competitividade – inclusive nas ambições do Brasil para o crescimento global.   

Com objetivo de repensar a logística brasileira, a segunda edição do Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas, pesquisa que coordenamos aqui no Freto, pretende apontar possíveis caminhos para este cenário.

Embora os cerca de 380 motoristas entrevistados tenham demonstrado um nível de satisfação baixo com a profissão – nota 2, em uma escala de zero a 5 – há boas notícias. 

Isso porque uma análise minuciosa dos sete critérios avaliados permite enxergar que a tendência de investir em conhecimento, inovação, sustentabilidade e processos logísticos mais humanizados pode ajudar a Estrada.

Neste sentido, é imprescindível apoiar um movimento que impulsiona o reconhecimento dos caminhoneiros e a performance das empresas. Ou seja: estamos falando de uma via baseada em tecnologia e know-how logístico, obtido no “leva e traz” de itens em um país de dimensões continentais.  

Em comparação com a primeira edição do Índice, realizado em 2022, pontos como a “Segurança nas Estradas” e o “Preço do Combustível” continuam sendo as maiores queixas.

Hoje, porém, vislumbramos melhor a possibilidade de uma estrutura mais favorável ao uso de combustíveis alternativos, a exemplo do biometano, ou mesmo de incentivo à compra de caminhões elétricos, com potencial de reduzir emissões e custos de abastecimento. 

Na área de segurança, houve um maior desenvolvimento de tecnologias de rastreamento, imagens e algoritmos – inovações que ajudam a inibir os roubos de carga e indicam o melhor momento de manutenção da frota, por exemplo.

Nesse cenário, também há sistemas avançados para avaliação das condições de saúde e descanso do motorista, reduzindo o número de acidentes. As oportunidades para a melhoria desses indicadores são infinitas. 

Na outra ponta da pesquisa, as variáveis de “Preço do Frete” e a “Carga Horária de Trabalho” permanecem as mais bem avaliadas, com os maiores ganhos em relação a 2022. É possível que esses índices reflitam um melhor planejamento da jornada do caminhoneiro por meio de uma cultura das plataformas de frete que vem ganhando corpo no setor. 

As plataformas são reconhecidas por otimizar rotas, reduzir intermediários na contratação do serviço e agilizar entregas por meio de inteligência de dados. Práticas que proporcionam um plano mais justo e adequado de prazos e de horas dedicadas, simplificando a rotina e expandindo a margem de ganhos de motoristas e das companhias.  

Na medida em que existe dentro das organizações um debate intenso sobre a qualidade de vida dos profissionais e valorização de talentos, fora delas na Estrada esse ponto também merece atenção. 

A inovação nas rodovias abre caminho para um crescimento que considera diferentes fatores fundamentais para uma logística de alta performance. O Índice nos dá pistas valiosas. Cabe a cada um de nós encorajar o uso de recursos inovadores, muitos até já disponíveis, para beneficiar toda a sociedade. 
 


* CEO do Freto
logtech que atua como transportadora digital


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