Nosso amanhã
Após mais um certame eleitoral, agora integralmente realizado com o segundo turno, reacendem-se as esperanças de que os eleitos cumpram as promessas de realização de seus planos de governo, mas algumas reflexões já podem ser feitas, antevendo-se as próximas eleições, cuja abrangência será maior, pois em nível federal.
O resultado das urnas, que em grande parte do País, já se tornou conhecido, ainda no primeiro turno, trouxe algumas questões que parecem já ter inovado, em termos de escolhas do eleitor.
Vimos que em algumas cidades, mesmo sendo tradicional a reeleição de prefeitos e vereadores, muitos mandados não foram renovados, o que pode sugerir uma desaprovação do eleitorado, já que, em termos lógicos, quando se disputa eleição com outros nomes, há chance(s) de escolha.
Entretanto, embora esse raciocínio seja meramente lógico, não é absoluto, já que também existe a possibilidade de que candidaturas lançadas como alternativas, não conseguiram convencer o eleitor, tendo este que votar, na base do “dentre os males, o menor”.
Há ainda, a hipótese de que novos candidatos que se lançaram, não conseguiram trabalhar corretamente em sua campanha; seja pela não aceitação de nomes que os apoiaram; seja até mesmo por não possuírem “paridade de armas”, quando em relação aos detentores dos mandados com os quais concorreram.
Apesar dessa sensível percepção, dados já divulgados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), revelou que as eleições de 2024 tiveram a maior taxa de reeleição da história.
Só no primeiro turno, dos 3006 prefeitos, que concorreram à permanência no cargo, 2444 obtiveram êxito, o que representa um expressivo aumento do percentual, comparando-se com as eleições anteriores, saltando-se de 66 para 81%.
Ainda segundo o levantamento da CNM, houve significativo impacto no número de prefeitos, do mesmo partido dos governadores de seus Estados, tendo em 16 dos 26 totais, conseguido maior acesso ao executivo municipal.
Isso constata que parte do eleitorado municipal, coincidentemente ou não, seguiu a mesma linha partidária do Executivo estadual, o que não é ruim, em tema não só de alinhamento político-ideológico, mas de maior factibilidade de diálogo ou da implementação de projetos mais uniformizados.
Deve-se ressaltar que os municípios, enquanto entes descentralizados da administração pública, possuem relativa autonomia, em relação à que é constitucionalmente conferida aos estados-membros, pois são estes os legítimos representantes do primeiro escalão do pacto federativo que rege nossa forma de Estado.
Daí, embora não haja nenhuma obrigatoriedade de que os gestores municipais tenham que possuir a mesma identidade partidária dos estaduais, há sem dúvida, um caminho menos pedregoso a se percorrer, em tema de alavancar recursos e de execução das políticas locais.
O Estado de maior influência no País (devido ao PIB, competitividade e crescimento), por exemplo, conseguiu a façanha de reeleger um candidato que não havia sido votado no primeiro mandato, já que, como vice, apenas sucedeu o prefeito anteriormente eleito, morto em 2021. São Paulo, portanto, seguirá sob o mesmo comando estadual e municipal.
Noves fora essa questão da reeleição do Executivo, bem como das novas composições do Legislativo municipal, encontramo-nos, presentemente, em um período que traçará o tabuleiro do futuro comando estadual e nacional, o qual sem dúvida desafiará os atuais ocupantes desses cargos, a lançar a jogada certa, para assegurar vitórias.
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*Defensor público e professor
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