OPINIÃO

O Atentado a Trump. A Sequência. Um País Contraditório

Na extraordinária repetição de atentados a presidentes e candidatos à Casa Branca, que é a residência oficial e principal local de trabalho do Presidente dos Estados Unidos, a história registra, como veremos, uma vasta relação de atos criminosos praticados contra proeminentes líderes políticos americanos.


No exercício do cargo foram assassinados Abraham Lincoln (1809-1865); James Abraham Garfield (1831-1881); Willian Mackinley (1843-1901) e John Fitzgerald Kennedy (1917-1963).

Robert Fitzgerald Kennedy (1925-1968), Senador nova-iorquino, irmão de Jonh Kennedy, em campanha presidencial, foi assassinado em um hotel em Los Angeles. Era o dia 5 de junho de 1968.


Vários outros candidatos sofreram atentados sem que ocorresse o evento morte. São eles: Andrew Jackson, Theodore Roosevelt, Franklin Delano Roosevelt, Harry Truman, George C. Wallace, Gerald Ford, Ronald Regan, Bill Clinton, George W. Bush e Donald Trump.

O passado deve ser considerado um estigma?

Como disse James Arthur Baldwin, ensaista, romancista, dramaturgo e poeta estadunidense e tido como um dos maiores nomes da literatura norte-americana do século XX, “O passado é uma herança, uma dádiva e um fardo. Não se pode fugir dele. Você o leva consigo aonde for. Não há nada a fazer além de conhecê-lo.”

Estas Verdades obra monumental de Jill Lepore, historiadora e professora de Harvard tenta reconstruir a história dos Estados Unidos a partir do que existe de mais danoso na formação da nacionalidade: a escravidão, os linchamentos públicos, a força empregada contra os povos originários, a separação das raças em um processo de segregação odioso e preconceituoso, o que na prática afronta o pensamento de Thomaz Jefferson exposto da Declaração da Independência dos Estados Unidos de que “Todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, que entre eles estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.” Como se vê, igualdade política, direitos naturais e a soberania do povo estão impregnados na Declaração.

Porém, teoria não significa prática. Na busca de expansão territorial, os EUA deixaram de ser um território recluso ao das antigas treze colônias. As conquistas foram iniciadas logo após a Guerra da Independência travada contra os ingleses entre 1776 a 1781 e ratificada polo Tratado de Paris em 1783, responsável por reconhecer a independência das treze colônias e o surgimento dos Estados Unidos como Nação. Outra consequência do Tratado foi a cessão de terras para os EUA.

Essas terras se estendiam da região dos Montes Apalaches até a borda do rio Mississípi. A expansão também se deu por conta da compra de Luisiana, território comprado dos franceses. Compra da Flórida a Espanha, compra do Alasca aos Russos e usurpação da Califonia. Em 1844 James K.

Polk foi eleito presidente. Antes que ele tomasse posse o Congresso aprovou a anexação do Texas que pertencia ao México, em 28 de fevereiro de 1845. Em 29 de dezembro de 1845 o Texas era o 28° estado americano. Em 1830 uma série de estados americanos criaram leis que obrigavam os índios a se retirarem de suas terras. 

Em Estudos Nacionalistas, repito, Barbosa Lima Sobrinho, indaga: quando uma Nação consegue multiplicar em dezessete vezes o seu território inicial, não se poderia considerar extemporânea a indagação se já alcançou os limites de suas aspirações ou se ainda continua a pensar em acrescentar novas unidades à sua bandeira de 50 estrelas?

Concluindo, Jill Lepore estabelece: “Os americanos de hoje são descendentes de escravos e senhores de escravos, de conquistadores e conquistados, de imigrantes e xenófobos”.

Um país contraditório na sua essência não pode surpreender, pela sua própria gênese. 


* Procurador de Justiça do MPPE, diretor consultivo e fiscal da Associação do MPPE, ex-repórter do Jornal Correio da Manhã (RJ)

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