O Holiday é Minha Casa, Minha Vida
A disputa política do momento foca os postos das administrações municipais e respectivas casas legislativas, razão pela qual o tema deste artigo é oportuno, atual e extremamente importante. Há quase 6 anos do Holiday os moradores lutam pelo direito de ter de volta aquilo que lhes foi violenta e ilegalmente retirado.
O direito de morar em suas legítimas casas. Lá atrás, 2 motivos foram alegados pelos entes públicos para, em poucos dias, interditar e manter até o dia de hoje desocupado, um dos mais importantes marcos da engenharia e arquitetura urbana de Recife. O risco iminente de incêndio foi imediatamente eliminado com a retirada do lixo, botijões de gás, corte de luz e supressão de instalações elétricas.
Cessada a causa, cessa o efeito. Ponto. A outra alegação de risco de desabamento foi e está sendo desmentida pela nossa competente engenharia e pelo tempo. Até agora o imponente edifício lá se encontra, sujo, maltratado, mas em pé. A todos e a cada um mostra dia após dia sua resiliência e clama por nós, cidadãos do Recife, por ajuda. Isso tem que ser feito e logo.
A mais recente decisão da justiça de Pernambuco mostra que existe luz lá no Fórum. A luz do saber, da experiência, do entendimento de que os caminhos até então alardeados pelos outros, são bem diferentes dos legítimos interesses dos moradores. Nossa engenharia e uma importante parcela da sociedade civil trabalhou para construir o caminho da volta.
Estudos, projetos, cálculos, notas técnicas, pareceres, realizados pela mais importante escola de engenharia de Pernambuco, a nossa POLI, deixam claro que é possível sim, restaurar e devolver aos seus moradores às suas legítimas habitações. Certidões de inteiro teor das 476 unidades forma gratuitamente fornecidas pelo Cartório de Registro de Imóveis.
O nosso Conselho Regional de Engenharia – o CREA e a Defensoria Pública de Pernambuco estão alinhados nos mesmos propósitos. O mais importante programa de habitação popular – o Minha Casa Minha Vida, tem recursos e pode sim financiar as obras do Holiday. O que falta então? Decisão política dos postulantes ao Palácio Capibaribe Antônio Farias, a sede da Prefeitura da Capital. É chegada a hora de olharem também para aquelas quase 500 famílias e dizer que o Holiday vai ser devolvido ao povo do Recife.
Comparações à parte, assistir aos programas eleitorais deixam bem claro que todos, ou quase todos candidatos prometem enfrentar a questão da habitação para a população mais pobre da cidade. Quantas famílias são, isso será apurado, o fato é que são milhares de cidadãos que moram nas ruas, de aluguel, na casa de parentes, dividem os espaços com outros familiares, enfim, o que se ouve todo dia é que a solução passa pelo Centro do Recife onde serão construídas tantas mil casas, outros tantos mil apartamentos dos edifícios abandonados lá na Guararapes, Dantas Barreto e cercanias, serão reformados, dá gosto ouvir tantas promessas e números tão impressionantes.
Mas, vamos cair na real, vamos começar com o Holiday. Já tem estudos, projetos, laudos, valores, especificações e engenheiros. Está mais fácil do que começar do zero. Até por quê, talvez em uma gestão de 4 anos isso pode estar ainda no meio do caminho. E aí, daqui a 4 anos, alguém pode chegar para todos nós eleitores e pedir mais 4 anos de mandato, afinal, o trabalho ainda precisa ser terminado. Com o Holiday isso é diferente.
Uma simples decisão de começar agora, em 1º. de janeiro de 2025, é possível. Serão quase 500 famílias do Holiday a serem respeitadas. Seus direitos constitucionais respeitados. A justiça cumprirá seu papel.
Senhores candidatos. Contem conosco. Nossa engenharia está, como sempre esteve, a serviço da sociedade.
* Engenheiro civil, presidente da ABENC/PE, coordenador nacional das Câmaras Especializadas de Engenharia Civil do CONFEA.
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