Os riscos dos carros elétricos (2)
A crescente popularidade dos veículos elétricos como alternativa aos carros tradicionais movidos a combustíveis fósseis levantou preocupações sobre o risco de incêndio durante o processo de carregamento. Foram relatados inúmeros incidentes envolvendo esses carros que incendiaram durante o carregamento, destacando a necessidade de resolver esse problema de segurança.
Os carros elétricos geralmente têm um preço inicial muito alto, embora possa haver uma economia no curto prazo, já que é mais barato carregá-lo do que abastecê-los com gasolina. Os elétricos, também, têm incentivos federais e, às vezes, específicos do Estado. Entretanto, por conta das pesadas baterias e do chassi, o valor de revenda deles caem mais rapidamente no tempo. Os elétricos percorrem em média distâncias menores do que aqueles movidos à gasolina. A disponibilidade de estações de carregamento pode tornar os elétricos menos adequados para viagens rodoviárias. Ademais, os elétricos podem demorar muito para recarregar. Abastecer um carro totalmente elétrico também pode ser um problema, e as viagens devem ser bem planejadas, porque a falta de energia não pode ser resolvida com uma parada rápida num posto de gasolina. Para muitas pessoas comprar um veículo elétrico não compensa por conta da falta de infraestrutura. Por exemplo, nos EUA existem 160 mil eletropostos, enquanto no Brasil não passa de 4600.
Os veículos elétricos híbridos (VEHs) são movidos por um motor de combustão interno em combinação com um ou mais motores elétricos que
utilizam energia armazenada em baterias. Muitos dos benefícios dos carros totalmente elétricos, também, se aplicam aos VEHs que são bons para reduzir emissões e o uso de combustível. Entretanto, eles têm um preço mais elevado do que muitos veículos movidos à gasolina. Para viagens curtas, o VEH pode não precisar desligar o motor totalmente elétrico e, nesse caso, o carro não emite emissões pelo escapamento. Esses veículos geralmente têm uma economia de combustível melhor do que os equivalentes convencionais movidos à gasolina. Eles são bons para aqueles que não podem se comprometer com um carro totalmente elétrico devido às necessidades de condução em recarga. Embora os VEHs estejam limitados à autonomia da bateria, a reserva de combustível num híbrido plug-in significa que, quando a bateria acabar, o veículo pode funcionar e até mesmo ser recarregado com gasolina.
Atualmente, o principal risco de incêndio durante o carregamento da bateria em carros elétricos é a própria bateria de íons de lítio. Essa bateria é comumente usada em veículos elétricos devido à sua alta densidade de energia e longo ciclo de vida. No entanto, ela também é propensa a fugas térmicas que podem causar incêndios ou mesmo explosões. Durante o processo de carregamento, vários fatores podem contribuir para o risco de incêndio em carros elétricos que incluem sobrecarga, níveis inadequados de tensão ou corrente, carregador defeituoso e até mesmo alguns externos, como altas temperaturas ou danos físicos à bateria. No caso de incêndio num veículo elétrico, existem desafios significativos na supressão ou controle do incêndio. As características desses incêndios representam enormes desafios para os métodos tradicionais de combatê-los. O sistema elétrico de alta tensão em carros elétricos dificulta o acesso seguro dos bombeiros ao veículo e a extinção eficaz do incêndio. Além disso, a liberação de gases tóxicos e produtos químicos durante um incêndio em um carro elétrico podem complicar ainda mais os esforços de combate a incêndios e representar riscos para os bombeiros e indivíduos próximos. Por exemplo, a bateria está frequentemente localizada no assoalho do veículo, dificultando o acesso e a extinção. Além disso, a fuga térmica das baterias de íons de lítio pode resultar em um efeito cascata, onde uma célula pegando fogo pode se espalhar para células vizinhas, levando a uma situação de incêndio mais extensa e desafiadora. Para combater estes incêndios, é crucial desenvolver uma formação especializada e equipamentos especiais adaptados que persistem ainda em estudo. Além disso, são necessários avanços consideráveis na tecnologia de baterias e na infraestrutura de carregamento para minimizar o risco aprecisável de incêndio durante a recarga. Se numa garagem existirem 30 carros em carregamento, esse risco aumentará 30 vezes.
Na certeza de termos elucidado algumas dúvidas, entendemos que, tratando-se de preferência das pessoas, caberá a cada um dos cidadãos optar por um ou outro modelo de veículo. O fator econômico, a princípio, poderá orientar o caminho a seguir. No entanto existem os números e estes são incontestáveis. Percentualmente existem pouquíssimos carros elétricos em relação aos tradicionais com motor a explosão. Mas a incidência de defeitos fatais nos componentes dos modelos elétricos é bem elevada. Assim, fica, como sugestão, incluir, no processo de escolha, esta variável. A tecnologia de construção de veículos elétricos ainda deverá passar por um melhor aprimoramento no sentido de minimização, ou zeramento, dos danos decorrentes. O risco, nos veículos elétricos, encontram-se bem acima do que nos demais modelos, exceto quando o elétrico está viajando numa ótima rodovia, o que é um evento raro no País. Com a decisão, o consumidor.
*Membro Emérito da Academia Pernambucana de Ciências
**Engenheiros eletricistas