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OPINIÃO

Os sete sinais de esperança: uma agenda para 2025...

O sentido fundamental para celebrar o Natal é reavivar nossa esperança e assim fazer a virada para um novo ano. Em 2025, essa motivação está reforçada e prolongada, pois, neste Natal, o papa Francisco fez a abertura oficial do Jubileu da Esperança.

Importa recordar que, na Bula Spes non confundit (A esperança não decepciona), anunciando o ano jubilar, o papa fez apelos tomando alguns problemas da humanidade como sinais de esperança.

O primeiro sinal de esperança deve ser “a paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra” (Bula n. 8): em tantos outros momentos o papa tem falado da terceira guerra mundial em fragmentos, espalhada pelo mundo, atingindo muita gente.

O segundo sinal de esperança deve ser “uma visão de vida carregada de entusiasmo a ser transmitida” (n. 9). A preocupação maior, no caso, é com as novas gerações, a quem o papa Francisco conclama para que sejam geradoras de vida e tenham gosto de viver.

O terceiro sinal deve ser voltado para as pessoas que vivem situações difíceis, como as que estão nas prisões, lugares que nem sempre respeitam os direitos humanos fundamentais (n. 10). Sem esquecer que, em alguns países, existe ainda a pena de morte.

O quarto sinal é voltado para as pessoas enfermas em suas casas ou hospitais ou tantas outras que não têm condições para o tratamento necessário e adequado. E, a esperança, para muitas, seria apenas uma visita que pode significar um alento de esperança (n. 11).

O quinto sinal faz alusão aos jovens, sobretudo aqueles que sofrem com “a ilusão das drogas, o risco da transgressão e a busca do efêmero” confundindo o verdadeiro sentido da vida (n. 12). Em nosso país, cresce o número de jovens “nem nem nem”: nem estudam, nem trabalham, nem esperam nada da vida...

Não podemos nos esquecer de buscar realizar sinais de solidariedade e esperança para com os migrantes, os deslocados e os refugiados (n. 13). Trata-se de pessoas que abandonam as suas terras por causa das guerras, da violência, da discriminação e de tantas outras situações semelhantes: a família de Jesus, inclusive, também viveu essa realidade.

Enfim, como bem recorda o papa Francisco, expressemos gestos de apoio e esperança para com as pessoas idosas, muitas vezes sozinhas e abandonadas, notadamente os avôs e avós, “que representam a transmissão da fé e da sabedoria de vida às gerações mais jovens” (n. 14). A boa notícia da maior longevidade do povo brasileiro contrasta com as perspectivas da pessoa idosa, sobretudo as mais empobrecidas.

Diante de tantas situações desesperadoras ou desperançadoras, volta a pergunta de João Cabral de Melo Neto, em Morte e Vida Severina: “Eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia se não vale mais saltar fora da ponte e da vida, nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga; é difícil defender, só com palavras, a vida...”

De fato, “é difícil defender, só com palavras a vida”: é preciso fazer gestos de esperança, convertendo inclusive a nossa visão, a partir da renovação da esperança cristã. Mas, existe uma pedagogia da esperança, um aprendizado, pois, como dizia Paulo Freire: Precisamos “ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir”. 

Afinal, voltando a João Cabral e ao auto de Natal nordestino, paradoxalmente, “não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida; mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina”.

S.J. Reitor da Unicap.

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