opinião

Preservar as empresas familiares

As empresas familiares (EF) desempenham um papel preponderante na  economia brasileira, sendo responsáveis por cerca de 70% do PIB e dos empregos do País. Contudo, as grandes empresas familiares enfrentam o desafio de garantir uma transição geracional bem-sucedida, essencial para sua continuidade ao longo do tempo. 

Alguns fatores são apontados como relevantes para a longevidade das EF, entre eles, o planejamento estratégico e o planejamento sucessório. A ausência desses elementos pode levar ao fracasso precoce ou até ao desaparecimento das EF, dificultando a transmissão do negócio para as gerações futuras.  

Além disso, é essencial ter um processo de sucessão bem estruturado, que inclua  a preparação adequada de sucessores para comandar as EF e a gestão profissionalizada, formalizada por meio de regras claras que orientem  a tomada de decisões e o desenvolvimento das futuras gerações , tanto como sócios,  quanto como executivos. Isso ocorre por falta de investimento, para um melhor funcionando da estrutura de governança da EF. 

A ausência desses planos pode promover um ambiente de insegurança, não somente para os sucessores, mas, também, para a própria EF, sem considerar a possibilidade da geração de uma disputa interna para os cargos de liderança, e até resultar em um processo de sucessão forçada. Por isso, uma abordagem eficaz é investir na  formação  de sócios e na profissionalização da governança da EF. 

Geralmente, as EF costumam crescer baseadas na confiança e sem um organograma bem definido e com as funções claramente estabelecidas. No entanto, chega um momento em que é necessário um olhar profissional para a estrutura organizacional da EF. Apesar da minoria das EF terem um plano sucessório bem definido, a maioria da EF tem acordo de sócios formalizados, o que contribui para a sua longevidade e facilita o processo de sucessão familiar. O sucesso ou o fracasso de uma EF não reside no seu tipo de controle e nem tampouco em ter ou não ter membros da família ou sócios na gestão  do negócio. 

O que diferencia as EF longevas de sucesso é o fato de possuírem estruturas de governança e de gestão profissionalizadas, com alocação de profissionais com vivência e competência adequadas para ocuparem os principais cargos de liderança independentemente de seu vínculo familiar ou societário. Dessa forma, sócios e familiares podem, sem dúvida alguma, exercer funções na EF, desde de que tenham competência para assumir o cargo definido, sem misturar sua origem societária/familiar com suas responsabilidades na gestão do negócio. 

A incorporação de boas práticas de governança na EF pode ser dolorosa para o controlador/fundador em ter que transferir autonomias para a sua substituição gradual da autoridade, dentro das novas estruturas de governança, políticas e de regras de negócios. Por fim, é incontestável que a implantação de uma sólida cultura de governança nas empresas familiares contribui para preservar o seu patrimônio, manter a harmonia entre os membros da família e assegurar a continuidade dos negócios.  

* Sócios da Sá Leitão Auditores e Consultores.

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