Logo Folha de Pernambuco
OPINIÃO

Quanto mais IA, mais humanização é preciso nos negócios

Nos últimos anos, a inteligência artificial tem transformado a forma como as empresas operam, se comunicam e vendem seus produtos e serviços. Chatbots agilizam o atendimento, algoritmos personalizam ofertas e assistentes virtuais tornam o suporte ao cliente mais eficiente. No entanto, essa automação crescente levanta um ponto fundamental: quanto mais inteligência artificial usamos, mais precisamos de humanização nos negócios.

Isso porque a IA pode otimizar a relação dos negócios, mas ela jamais vai substituir a conexão humana. A automação é incrível para escalar processos e reduzir custos. Um estudo da McKinsey, empresa de consultoria estratégica, mostrou que até 45% das atividades que hoje realizamos no trabalho podem ser automatizadas com IA, o que significa mais produtividade, menos erros e decisões mais rápidas baseadas em dados. 

Mas há um detalhe importante: as pessoas não compram apenas produtos e serviços, compram experiências, conexões e emoções. Pense no seguinte exemplo: um cliente entra em contato com uma empresa porque teve um problema com seu pedido. Se ele for atendido por um chatbot que apenas segue um roteiro fixo, sem empatia ou flexibilidade, a frustração só aumenta. Agora, se esse mesmo cliente for acolhido por um atendimento humanizado, mesmo que comece com a IA, mas tenha a opção de falar com um atendente treinado para resolver o problema de forma empática, a experiência muda completamente. A IA pode abrir caminhos, mas o toque humano é insubstituível.

Muitas empresas estão investindo em inteligência artificial para personalizar a experiência do cliente, o que faz sentido, já que 71% dos consumidores esperam interações personalizadas e 76% ficam frustrados quando isso não acontece, segundo pesquisa da McKinsey. Mas, veja bem, a personalização real não é apenas chamar alguém pelo nome em um e-mail automático. 

Ela acontece quando entendemos o contexto, os sentimentos e, sobretudo, as necessidades individuais das pessoas. Isso exige empatia, escuta ativa e sensibilidade – habilidades que, até a publicação deste artigo que você está lendo agora, nenhuma IA consegue replicar de forma 100% genuína. Marcas que sabem equilibrar tecnologia com humanidade criam conexões mais fortes. Um exemplo claro é a Apple, que usa IA para otimizar processos, mas coloca a experiência humana no centro de suas lojas e suporte ao cliente. O mesmo acontece com a Netflix: o algoritmo recomenda filmes, mas são os especialistas em storytelling que criam conteúdos envolventes que conquistam o público.

Nesse sentido, o grande erro de muitas empresas é achar que mais tecnologia significa menor importância das pessoas. A verdade é o oposto: quanto mais IA usamos, mais precisamos de pessoas qualificadas para tornar essa tecnologia útil, ética e humanizada. A automação pode acelerar tarefas, mas empatia, criatividade e conexão continuam sendo diferenciais competitivos e insubstituíveis. O futuro dos negócios não está em escolher entre IA ou humanização, mas sim em equilibrar os dois para entregar experiências cada vez mais completas. 

Se sua empresa quer crescer usando IA, a pergunta certa não é simplesmente como substituir pessoas, mas sim como essa tecnologia pode potencializar o fator humano. O futuro do mercado não pertence a quem usa IA de forma fria e impessoal, mas sim às marcas que entendem que, na era da automação, a verdadeira diferenciação está em ser mais humano do que nunca.


___
Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail cartas@folhape.com.br e passam por uma curadoria antes da aprovação para publicação.

 

Veja também

Newsletter