Resistir ao propósito da Geração Z é atrasar a transformação do futuro do mercado e da sociedade
Quando pensamos em conectividade e exposição digital, com certeza não há como deixar de citar a Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010). Esse grupo está no centro desse processo, já que os seus integrantes foram criados em um mundo com um acesso rápido a informações e um ambiente social globalizado. Isso, por sua vez, garantiu que eles se diferenciassem das gerações anteriores, que consideravam o trabalho duro e os bens materiais como sinônimos de sucesso.
Valores como autenticidade, sentido e pertencimento são as prioridades máximas dos jovens. E acredite, não é uma decisão inteligente não levar essas características a sério.
Alguns dados já mostram que esses aspectos não estão só no papel ou nas mentes das pessoas mais novas. Segundo a plataforma EduBirdie, 37% dos jovens dizem que encontrar um propósito na vida profissional é uma prioridade. Além disso, 12% ressaltam o quanto é relevante promover um impacto positivo na sociedade.
Isso comprova que as escolhas da Geração Z não são automáticas, mecânicas e impensadas, mas sim movimentos repletos de significado. Para eles, é fundamental fazer a diferença no mundo e encontrar um sentido genuíno em todas as suas relações, de forma que deem lugar a um planeta mais conectado e colaborativo.
Essa busca por autenticidade se reflete tanto em suas decisões de carreira quanto nas causas que apoiam, muitas vezes por meio do ativismo ou de projetos sociais. É comum vermos jovens apoiando causas como a diversidade e a inclusão tanto dentro quanto fora dos escritórios.
Comunidades transformadas
Muitas gerações mais velhas ainda não enxergam sentido nas ideias e movimentos das mais novas. Acham que partir em busca do status ou do sucesso financeiro, como era feito em um passado não tão distante, ainda são as únicas escolhas que fazem sentido, especialmente no mercado de trabalho.
No entanto, as decisões de valor e união da Geração Z podem ser muito mais benéficas para a sociedade do que elas pensam. A formação de uma grande comunidade, que saiba para onde está indo, é capaz de transformar mercados e sistemas inteiros.
Além disso, a Universidade Johns Hopkins relata que esse grupo geracional deve representar cerca de 30% da força de trabalho até 2030. Portanto, os mais experientes, que ainda renegam esse senso de pertencimento, precisam começar a repensar suas crenças e expectativas.
Hoje, lideranças mais jovens já estão explorando novas modalidades profissionais, como o modelo híbrido, para criar ambientes vivos, acolhedores e funcionais, que aumentem a produtividade das equipes sem abrir mão de valores sólidos. Nestes negócios, a questão integrativa é priorizada, tanto no sentido do networking quanto da formação de talentos, de modo a desenvolver habilidades de relacionamento, comunicação, negociação e resolução de conflitos.
As novas tendências educacionais também são provas disso. De acordo com a pesquisa “Beyond millennials: the next generation of learners”, da Pearson, 67% das pessoas da Geração Z acreditam que o ensino superior é um caminho importante para um futuro bem-sucedido. Por essa razão, muitas universidades estão se reinventando, com iniciativas como: apoio psicopedagógico e psicológico; acompanhamento de alunos bolsistas, intercambistas e neurodivergentes; atendimento personalizado e desenvolvimento de competências emocionais e comportamentais; ações para incentivar a escuta ativa, o combate a preconceitos e discussões sobre saúde mental.
Portanto, a preocupação em encontrar sentido no trabalho e na vida não está mais ficando em uma bolha. Estudar, bater ponto e receber um salário no fim do mês é uma rotina que já não se aplica à Geração Z.
A ideia de apenas viver no mundo está ficando para trás; os jovens querem redesenhá-lo. Essas pessoas são o futuro, então resistir às suas ideias é o mesmo que caminhar em círculos. Abraçar esse conceito de propósito e conexão é mais do que necessário para estabelecer um olhar coletivo, que garanta a transformação do presente e molde um futuro mais consciente.
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