Oposição espanhola sai às ruas de Madri contra Pedro Sánchez e anistia
O Executivo de Sánchez não conseguiu aprovar na semana passada duas leis no Congresso dos Deputados
Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram, neste domingo (26), no centro de Madri para protestar contra o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez e a anistia aos independentistas catalães, que será aprovada na quinta-feira.
Em uma nova grande manifestação convocada pelo conservador Partido Popular (PP) contra a anistia, os manifestantes ocuparam desde a Puerta de Alcalá até a Gran Vía, passando pela praça de Cibeles.
Segundo a delegação do Governo (prefeitura), 20 mil pessoas participaram do ato, mas segundo os organizadores, eram quatro vezes mais.
"Peço que retire esta anistia!", disse o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, dirigindo-se a Sánchez, em um ato a duas semanas das eleições europeias de 9 de junho, enquanto os manifestantes gritavam "Pedro, demissão!".
"Espanha não se vende, Espanha não se reparte, Espanha é um Estado de direito no qual todos os cidadãos somos iguais perante a lei, perante a justiça", acrescentou, na presença de dois antigos chefes de governo conservadores, José María Aznar e Mariano Rajoy.
"Os espanhóis devem ter a garantia de que a lei tem consequências, a garantia de que os delitos têm consequências jurídicas, e que o governo não pode interrompê-las", acrescentou Feijóo, que pediu a Sánchez que "convoque eleições".
O Executivo de Sánchez não conseguiu aprovar na semana passada duas leis no Congresso dos Deputados, a Câmara Baixa do Parlamento, por não contar com o apoio dos aliados que lhe permitem governar, entre os quais estão a extrema esquerda, os nacionalistas e independentistas catalães e bascos, e um partido regionalista das Ilhas Canárias.
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Alta tensão política
As relações entre o governo e a oposição conservadora e de extrema direita estavam muito deterioradas pela anistia e ficaram mais tensas com a investigação judicial à esposa de Sánchez, Begoña Gómez, por corrupção e tráfico de influências.
Diante do que considerava um tratamento injusto e agressivo, Sánchez tomou, no final de abril, a decisão inédita de se retirar por cinco dias da vida pública para considerar sua renúncia, período que concluiu com o anúncio de que permaneceria no cargo.
Quanto à anistia, foi uma exigência dos partidos independentistas catalães para prestar o apoio de seus catorze deputados à investidura de Sánchez, o que lhe permitiu governar novamente apesar de ter ficado em segundo lugar atrás do PP nas eleições de julho de 2023.
Ángel Santana, um basco que veio à capital para se juntar ao protesto, expressou seu temor de que a anistia acabe se estendendo aos presos da organização armada basca ETA, que matou mais de 850 pessoas durante mais de quatro décadas até abandonar a luta armada em 2011.
O Congresso dos Deputados aprovará definitivamente na quinta-feira a lei que beneficiará cerca de 400 independentistas relacionados à tentativa de secessão da Catalunha em 2017.
A "Proposição de Lei Orgânica de Anistia para a Normalização Institucional, Política e Social na Catalunha" poderá beneficiar, em primeiro lugar, Carles Puigdemont, o ex-presidente regional catalão que se refugiou na Bélgica em 2017, fugindo da justiça espanhola e que agora poderá retornar à Espanha.