Oposição pede renúncia de Boris Johnson, multado por 'escândalo das festas' na pandemia
O governo britânico anunciou que o caso das festas será tratado após a resolução da crise internacional da Guerra na Ucrânia
A polícia londrina anunciou, na manhã desta terça-feira (12), que enviou mais de 50 notificações de multas no âmbito de sua investigação sobre estas infrações.
E, pouco depois, soube-se que o primeiro-ministro Boris Johnson, que defendeu na Câmara dos Comuns que nenhuma regra foi violada, está entre as autoridades que serão multadas.
A lista inclui sua mulher, Carrie, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, até pouco considerado favorito para suceder o premiê no cargo. Recentemente, porém, ele se viu mergulhado em seu próprio escândalo, devido ao vantajoso status fiscal de sua milionária esposa indiana.
Logo depois, o líder da oposição britânica, o trabalhista Keir Starmer, pediu a renúncia de Boris e de seu ministro das Finanças.
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"Boris Johnson e Rishi Sunak infringiram a lei e mentiram repetidamente para os cidadãos britânicos. Ambos devem renunciar. Os conservadores são totalmente incapazes de governar", tuitou Starmer.
Há meses, a Scotland Yard investiga denúncias de que Johnson e membros de seu gabinete organizaram e compareceram a uma dúzia de festas durante os confinamentos de 2020 e 2021 contra a Covid-19. Naquele momento, o Executivo proibiu os britânicos de verem seus entes queridos, e alguns nem sequer conseguiram dizer adeus por ocasião de sua morte.
Com 67 milhões de habitantes, o Reino Unido é um dos países mais atingidos pelo coronavírus, com mais de 170 mil óbitos desde o início da pandemia.
Crise política
É a primeira vez, no Reino Unido, que a polícia multa um primeiro-ministro em exercício. Até agora, Johnson descartou a possibilidade de renunciar. E a ira dos rebeldes conservadores parece aplacada pela guerra na Ucrânia.
"Que o primeiro-ministro tenha enganado a Câmara dos Comuns é muito sério, mas estamos no meio de uma crise internacional e não estou disposto a dar a Vladimir Putin a tranquilidade de pensar que vamos destituir o primeiro-ministro e enfraquecer a coalizão" contra a Rússia, declarou o deputado conservador Roger Gale.
"Portanto, qualquer reação a isso terá de esperar até que tenhamos tratado da crise principal, que é a Ucrânia", frisou.
Desde dezembro, um fluxo incessante de vazamentos para a imprensa vem revelando uma longa lista de festas, com imagens nas quais o próprio Johnson aparece, causando a pior crise política vivida pelo líder conservador desde sua gloriosa chegada ao poder em 2019.
Estes encontros animados vão das comemorações de Natal à despedida de funcionário - com direito a música e muita bebida alcoólica - na véspera do funeral do príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II. Diferentemente destas festas, o funeral pôde ser assistido por apenas 30 pessoas, que mantiveram a devida distância entre si, devido às restrições pela pandemia.
Também houve uma celebração de aniversário do primeiro-ministro, supostamente organizada por sua então noiva, Carrie, na sala do conselho de ministros, em 19 de junho de 2020. Até 30 pessoas teriam comparecido. Entre elas, estava a decoradora responsável pela luxuosa reforma da residência oficial do casal em Downing Street, cujo financiamento foi dos muitos escândalos envolvendo Johnson.
Mais tarde, um relatório interno elaborado por Sue Gray denunciou a falta de liderança em Downing Street e uma cultura de abuso de álcool.
Sabendo que sua cabeça estava por um fio, Johnson pediu desculpas em janeiro deste ano, mas sem reconhecer qualquer responsabilidade nestes eventos para além de não ter mandado seus funcionários de volta ao trabalho.
Depois de inicialmente negar que houvesse festas nas instalações onde vive e trabalha, ele acabou reconhecendo que participou, em 20 de maio de 2020, durante o primeiro confinamento, de um evento nos jardins de Downing Street.
Afirmou, contudo, que acreditava se tratar de um "evento de trabalho", o que causou grande indignação.