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Venezuela

Oposição se mobiliza na Venezuela após protestos deixarem 12 mortos

Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos pediram nesta terça-feira a apresentação das atas de votação

Protestos contra a reeleição de Nicolas Maduro na VenezuelaProtestos contra a reeleição de Nicolas Maduro na Venezuela - Foto: Juan Barreto/AFP

Aos gritos de "Liberdade!", milhares de opositores saíram às ruas da Venezuela nesta terça-feira (30) para reivindicar a vitória de Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais, após protestos que resultaram em 12 mortos e centenas de presos.

Apoiadores de González Urrutia e da líder opositora María Corina Machado se concentraram em Caracas e em outras cidades venezuelanas para contestar o resultado do pleito de domingo, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, concede um terceiro mandato ao chavista Maduro.

"Devemos permanecer nas ruas, não podemos permitir que nos roubem os votos tão descaradamente. Isso precisa mudar", disse a administradora Carley Patiño, de 47 anos, à AFP.

Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória, enquanto a comunidade internacional pressiona por uma recontagem transparente dos votos.

Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos pediram nesta terça-feira a apresentação das atas de votação, ressaltando que as eleições na Venezuela representam “um momento crítico para a democracia no hemisfério”.

María Corina afirma possuir cópias de 84% das atas, que provariam a fraude, e as publicou em um site.

- Pedido de calma -
Durante a concentração em Caracas, González Urrutia pediu calma à Força Armada, após a morte de 11 civis em protestos, nos quais dezenas de pessoas ficaram feridas.

"Senhores da Força Armada: não há razão alguma para reprimir o povo da Venezuela, não há motivo para tanta perseguição", disse o rival de Maduro nas eleições.

O presidente responsabilizou González Urrutia e Machado pela violência nas manifestações e garantiu que "a justiça vai chegar".

"Responsabilizo o senhor, González Urrutia, por tudo o que está acontecendo na Venezuela, pela violência criminosa, pelos delinquentes, pelos feridos, pelos mortos, pela destruição", disse hoje Maduro, no palácio presidencial de Miraflores.

"A justiça será feita contra diabos e demônios. Haverá justiça. Saia da sua guarida, senhor covarde!", gritou o presidente mais tarde referindo-se a Urrutia e María Corina, diante de centenas de apoiadores que se concentraram em frente ao palácio.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e o responsável pela diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediram respeito à manifestação pacífica dos opositores.

- 'Número alarmante' -
A ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal relatou que pelo menos 11 civis morreram nos protestos, incluindo dois menores de idade.

"Preocupa-nos o uso de armas de fogo nestas manifestações. O fato de terem ocorrido 11 mortes em um único dia é um número alarmante", considerou Alfredo Romero, diretor da Foro Penal.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, também relatou a morte de um militar e anunciou que 749 pessoas foram detidas.

A ONG Encuesta Nacional de Hospitales informou que 84 civis ficaram feridos nos protestos, enquanto o Ministério da Defesa mencionou que 23 militares sofreram ferimentos. O líder opositor Freddy Superlano foi preso hoje, no que a oposição chamou de "escalada repressiva".

A Força Armada, principal apoio do governo, expressou "lealdade absoluta e apoio incondicional" a Maduro, declarou o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de golpe contra o presidente.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu que aqueles que questionam e denunciam uma fraude eleitoral "não metam o nariz" nos assuntos internos da Venezuela.

O governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático de Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera "ações intervencionistas" desses países.

Seis colaboradores de María Corina estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática. A Argentina afirmou que se trata de "assédio" contra sua sede diplomática.

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