Opositor Navalny marca pontos em seu combate ao Kremlin
Alexei Navalny está preso desde 17 de janeiro, quando retornou à Rússia
Multidões de manifestantes enfrentando a política em uma centena de cidades da Rússia. Da prisão, o opositor Alexei Navalny venceu uma aposta, mas sua luta com o Kremlin promete ser longa e, acima de tudo, muito arriscada.
E a vitória foi dupla para o adversário número um de Vladimir Putin, preso desde 17 de janeiro em seu retorno à Rússia após cinco meses de convalescença devido a um suposto envenenamento.
Além das dezenas de milhares de manifestantes reunidos no sábado, ele pode se orgulhar de contabilizar em menos de uma semana 86 milhões de visualizações para um vídeo no YouTube acusando Putin de ter construído um suntuoso palácio à beira-mar com fundos questionáveis.
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O próprio presidente russo, durante uma videoconferência com estudantes, teve que responder às acusações daquele cujo nome nunca mencionou.
"Nada do que é mostrado (no vídeo) como sendo de minha propriedade pertence a mim ou a meus parentes", disse ele nesta segunda-feira.
No domingo, seu porta-voz, Dmitri Peskov, já havia intervindo na televisão para denunciar uma "mentira elaborada" e apelar aos que assistiram ao vídeo "para plugarem seus cérebros".
Quanto às manifestações, ele minimizou o impacto: "Poucas pessoas saíram, muitas pessoas votam em Putin".
O movimento de protesto está, no entanto, longe de ser trivial com a aproximação das eleições legislativas de setembro, nas quais Navalny quer influenciar, encorajado pela impopularidade do partido do Kremlin, o Rússia Unida, considerado rígido e corrupto.
Sem euforia
Leonid Volkov, estrategista do movimento de oposição, saudou um sábado "histórico" de protestos e convocou um novo dia nacional de ação em 31 de janeiro.
Para o cientista político do centro Carnegie de Moscou Andrei Kolesnikov, devemos esperar que "as manifestações continuem", como durante o grande movimento de protesto de 2011-2012.
Especialmente porque o tamanho, em número e geografia, das reuniões de sábado é claramente "o resultado do retorno à Rússia de Navalny e de sua investigação sobre o palácio de Putin".
Mas o analista alerta para qualquer "euforia". "O regime dispõe de grandes recursos para garantir a sua sobrevivência, incluindo a indiferença da maioria da população", afirmou.
O opositor Leonid Volkov admite prontamente que a batalha será "difícil".
A máquina judiciária russa já está em movimento. Mais de 3.500 prisões ocorreram durante as manifestações de sábado, um recorde de acordo com a ONG especializada OVD-Info.
Um primeiro manifestante foi condenado nesta segunda a 10 dias de detenção, de acordo com a agência estatal TASS.
De Vladivostok a São Petersburgo, passando pelos Urais e Moscou, foram iniciadas investigações criminais por violência contra a polícia, perturbação da ordem pública ou vandalismo. Contravenções e crimes puníveis com prisão.
A chuva de bolas de neve que atingiu a polícia de choque de Moscou pode custar caro aos perpetradores, se o gesto for qualificado como uma agressão.