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Os caminhos que ligam o Recife a Olinda desde o início

De barco a carro, locomoção entre as cidades-irmãs passou por várias transformações ao longo dos anos

O Recife visto a partir de Olinda na atualidadeO Recife visto a partir de Olinda na atualidade - Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

Cidades-irmãs, Recife e Olinda fazem aniversário nesta quinta-feira (12) e carregam desde as suas fundações, no século XVI, laços geográficos, econômicos, políticos, históricos e culturais de proximidade que as unem. Se hoje quem sai de uma e quer ir para a outra pode fazer o trajeto de carro, ônibus, moto ou bicicleta por meio de importantes vias terrestres como as avenidas Olinda e Agamenon Magalhães, a Estrada de Belém e a PE-15, antigamente o cenário era bem diferente.

O istmo - estreita porção de terra que une duas áreas de terra maiores - que ligava o Porto do Recife à Vila de Olinda servia como passagem para os moradores dos dois locais, que se locomoviam à época a pé ou de barcos, cavalos e charretes.

O deslocamento se dava do Recife em direção a Olinda por causa da fartura de água potável na vila olindense, algo comum em processos de colonização e ocupação, e ajudou a forjar os caminhos criados entre as cidades, como aponta o professor de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcus Carvalho. “Olinda é uma montanha e tinha água de beber, que vinha de onde hoje chamamos de Varadouro pelo rio Beberibe. O istmo no Recife era o melhor porto porque dava segurança às embarcações que atracavam por causa dos arrecifes. Você podia navegar de onde hoje é o Cais da Alfândega e seguir até Olinda”, detalha.

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A história das cidades se confunde com o surgimento do Porto do Recife. O local se tornou ponto principal de importação, produção e exportação de açúcar e abastecimento de mercadorias. Com o desenvolvimento, surgiram os primeiros engenhos, os povoados de imigrantes europeus e as primeiras vilas, que deram origem ao Bairro do Recife.

A relação entre o Recife e Olinda foi documentada no Foral, carta de doação de terras de Olinda assinada em 1537 pelo primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho. O texto descrevia todos os lugares e benfeitorias da então vila. No documento, considerado a Certidão de Nascimento da cidade, são citadas as “terras para as bandas do sul de Olinda, que são os arrecifes dos navios”. Essas terras chamadas de arrecife, onde hoje é a cidade do Recife, eram uma pequena colônia de pescadores que mais tarde se tornou porto e povoado e deu origem à capital pernambucana.

“Podia-se sair do Recife para Olinda de barco, pelo rio Beberibe, ou pelo istmo, pois o Recife era uma península de Olinda. Quem chegasse no Porto do Recife seguia pelo istmo e chegava aos povoados do Varadouro”, explica o historiador José Luiz Mota Menezes, ao citar os primeiros caminhos e formas de locomoção entre as cidades.

Mapa mostra como era o Recife no período colonial

Mapa mostra como era o Recife no período colonial - Foto: Johannes Vingboons

Esse cenário começou a mudar depois de 1643, quando a ponte Maurício de Nassau, a primeira da América Latina, foi inaugurada durante a época da invasão holandesa. À época feita de madeira, a ponte até hoje liga o Bairro do Recife ao de Santo Antônio. “Os caminhos mudaram. Seguia-se dos bairros de Santo Antônio e São José para a Boa Vista e depois de Campo Grande até Olinda”, continua o professor José Luiz. “Outro caminho é o que chamamos hoje de Estrada de Belém, mas é mais longo e não tinha esse aterro que hoje em dia tem. Era um caminho por dentro”, corrobora Marcus Carvalho.

Ao longo dos anos, as formas e caminhos de locomoção entre as cidades foram mudando e se adaptando às transformações sociais e tecnológicas. Durante o século XVII, por exemplo, o Forte do Buraco, uma fortaleza construída durante o período do Brasil Holandês, ligava o Bairro do Recife à praia de Del Chifre, em Olinda.

Posteriormente, o advento do transporte público coletivo ajudou nas ligações. Maxambombas, bondes elétricos e depois ônibus foram usados nos caminhos. Para o futuro próximo, a Via Metropolitana Norte, uma obra de mobilidade que se arrasta há cerca de sete anos, deve desafogar a ligação do Litoral Norte, onde está Olinda, com o Recife, e será um importante eixo de integração entre as rodovias PE-15 e PE-01.

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