Os Estados Unidos estão "consternados" e "desapontados" com a permissão concedida pelo Brasil
Duas embarcações iranianas sancionadas pelo Departamento do Tesouro americano, receberam autorização para atracar no Rio de Janeiro
Os Estados Unidos estão "consternados" e "desapontados" com a permissão concedida pelo governo brasileiro para a atracação de dois navios de guerra iranianos, disse nesta quarta-feira (15) o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols.
"Temos transmitido nossa consternação (...) enfatizando a repressão brutal do regime iraniano contra seu próprio povo, o fornecimento de armas à Rússia e a desestabilização" no mundo, afirmou Nichols durante uma audiência no Comitê de Relações Exteriores do Senado.
"Makran" e "Dena", duas embarcações iranianas sancionadas pelo Departamento do Tesouro americano, receberam autorização para atracar no Rio de Janeiro de 28 de fevereiro a 4 de março, quando voltaram a navegar.
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Uma decisão que preocupa os senadores, como o republicano Jim Risch, que considera motivo suficiente para que o presidente americano Joe Biden tivesse cancelado sua reunião com o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em 10 de fevereiro na Casa Branca.
"Entendemos que nossos países nem sempre concordarão e o Brasil, como nação soberana, toma suas próprias decisões de política externa", afirmou Nichols, mas esses navios "não têm lugar em nosso hemisfério".
"Os iranianos não deveriam estar aqui", entre outros motivos, por seu "histórico terrível em direitos humanos" e seu apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, depois que ele invadiu a Ucrânia, enfatizou.
Risch não ficou convencido com a explicação. "Todos sabemos o quão ruim o Irã é e o que eles estão fazendo", disse o senador, que não vê por que os iranianos deixariam de navegar onde quisessem se suas ações não tiverem consequências.
Nichols explicou que outros países latino-americanos "decidiram não receber os navios e não é por acaso". Ele atribui isso ao fato de ter conversado com eles "sobre os riscos apresentados pelo Irã".
"Continuamos tendo essa conversa com nossos amigos e parceiros no Brasil", concluiu.