Ostras com narovírus: microbiologista revela os riscos de ingerir o alimento contaminado
FDA divulgou comunicados sobre a contaminação em diferentes estados do México; autoridades de saúde alertaram as pessoas para evitar comer os mariscos
Autoridades de saúde da Califórnia alertaram as pessoas para evitarem comer ostras cruas de partes do México depois que mais de 200 pessoas sentirem sintomas de doenças gastrointestinais.
O Departamento de Saúde Pública do condado de Los Angeles relatou mais de 150 casos suspeitos de norovírus, enquanto no condado de San Diego, as autoridades de saúde disseram na quinta-feira que tinham 69 casos confirmados e prováveis.
A Food and Drug Administration (FDA), conhecida como a agência regulatória dos EUA, emitiu dois comunicados sobre ostras contaminadas em diferentes estados mexicanos. O narovírus pode causar diarreia, vómitos, náuseas, dores de estômago, febre, dor de cabeça e dores no corpo.
As autoridades de saúde recomendam que os restaurantes deixem de fora quaisquer ostras importadas de locais no México até novo aviso. Eles também aconselharam as pessoas a perguntarem a procedência dos alimentos antes de consumi-las e a lavar as mãos e superfícies que possam ter entrado em contato com ostras contaminadas.
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O histórico de intoxicação alimentar com ostras é antigo. Elas estão, inclusive, entre os alimentos que mais causam infecção nas pessoas. Como as ostras são filtradoras, elas podem concentrar germes, como Vibrio e norovírus, em seus tecidos. Também é possível contrair intoxicação alimentar ao comer qualquer marisco cru (amêijoas, mexilhões, búzios, berbigões), por isso a recomendação é só comer esses alimentos cozidos.
Outros alimentos que consta na lista de possível intoxicação são as saladas envoltas em sacos plásticos. A alface ensacada pode conter germes intoxicantes alimentares, como E. coli, Salmonella e Listeria. Elas costumam ser seguras se armazenadas refrigeradas e bem lavadas antes de ir para à mesa. O consumo também deve ser feito o mais rápido possível após a compra.
Intoxicação alimentar
Todos os anos, cerca de 600 milhões de pessoa tem intoxicação alimentar devido a contaminação por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas e 420 mil morrem. Em artigo publicado no site The Conversation, a microbiologista, Primrose Freestone, professora de Microbiologia Clínica na Universidade de Leicester revela os cuidados que ela toma para evitar esse risco, incluindo o que onde não comer.
Comer ao ar livre
Freestone afirma que raramente come ao ar livre, pois o risco de intoxicação alimentar aumenta quando a comida é levada ao ar livre. Para começar, não é possível higienizar corretamente as mãos, já que é difícil encontrar água corrente e sabão em um parque ou na praia. Além disso, os alimentos tendem a atrair animais como moscas, vespas e formigas, que podem transferir germes, incluindo E. coli, Salmonella e Listeria, para a comida.
Manter os alimentos perecíveis frios e cobertos é essencial, pois o número de germes pode duplicar se os alimentos aquecerem até 30°C durante mais do que algumas horas.
Buffet
De acordo com o especialista, a intoxicação alimentar é um risco inevitável quando se come num buffet. Nos bufês, os germes se espalham quando os clientes falam, espirram ou tossem perto dos alimentos. Além disso, mesmo em ambientes fechados, deve-se considerar a contaminação por insetos, como moscas ou vespas, que se instalam nos alimentos descobertos.
Alimentos perecíveis se tornarão impróprios para consumo em duas horas se não forem mantidos cobertos e refrigerados e é difícil garantir que tudo foi feito seguindo essa regra.
Em buffets quentes, como os servidos no café da manhã de hotéis, a microbiologista recomenda evitar alimentos mornos, pois as bactérias que causam intoxicação alimentar podem crescer rapidamente quando os alimentos são mantidos a menos de 60°C.
Práticas culinárias seguras
Por fim, Freestone dá algumas dicas de práticas culinárias seguras, como verificar os prazos de validade de alimentos perecíveis, além de olhar a embalagem e a aparência e cheiro do alimento antes do consumo, mesmo que esteja dentro do prazo.
"Se a embalagem do alimento parecer inchada, ou quando aberta a comida parecer ou cheirar diferente do esperado, jogo-a no lixo, pois pode estar contaminada", recomenda.
Nunca use as mesmas tábuas de cortar para alimentos crus e cozidos, e lave as mãos antes e depois de manusear os alimentos. Também nunca reaqueça arroz cozido porque o arroz cru pode conter esporos de Bacillus cereus, um germe que causa intoxicação alimentar.
Embora as células do Bacillus sejam mortas pelo cozimento, os esporos sobrevivem. Se o arroz for deixado esfriar e ficar em temperatura ambiente, os esporos se transformarão em bactérias, cujo número aumentará rapidamente. O Bacillus cultivado em arroz pode produzir toxinas que, poucas horas após a ingestão, podem causar vômitos e diarreia que duram até 24 horas.