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Guerra na Ucrânia

Otan pede à Rússia que não use 'bomba suja' como pretexto para escalada na Ucrânia

Moscou acusa a Ucrânia de querer detonar uma bomba radioativa em seu próprio país

Guerra na UcrâniaGuerra na Ucrânia - Foto: Yuri KADOBNOV / AFP

A Rússia não deve intensificar o conflito na Ucrânia com afirmações falsas de que Kiev planeja detonar uma "bomba suja" em seu próprio território, advertiu, nesta segunda-feira (24), o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg.

Desde o domingo, Moscou acusa a Ucrânia de querer detonar uma bomba radioativa em seu próprio país. Kiev e seus aliados ocidentais rechaçam essas alegações e temem que a Rússia queira preparar uma escalada militar sob esse pretexto.

"Os aliados da Otan rechaçam esta acusação. A Rússia não deve utilizar isso como um pretexto para uma escalada" do conflito na Ucrânia, afirmou Stoltenberg em um tuíte, após conversar com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace.

Segundo o Kremlin, a Ucrânia já estaria na "fase final" de fabricação desta bomba convencional, envolta em material radioativo que é espalhado durante a explosão.

"Segundo as informações das quais dispomos, duas organizações ucranianas têm instruções específicas para criar a chamada 'bomba suja'", reiterou, nesta segunda-feira, o tenente-general Igor Kirillov em comunicado.

Contudo, um funcionário do alto escalão militar americano garantiu que Washington não tinha indícios de que a Rússia havia decidido usar armas nucleares, químicas ou biológicas na Ucrânia.

"Os ucranianos não estão construindo uma bomba suja, nem temos indícios de que os russos tenham tomado a decisão de usar armas nucleares, químicas, biológicas", disse o funcionário, que pediu anonimato.

Missão da AIEA 
O chefe do Estado-Maior das forças armadas russas, Valeri Gerasimov, reiterou hoje as acusações sobre a suposta "bomba suja" em uma conversa telefônica com seu homólogo americano, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.

No domingo, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, conversou com os titulares de Defesa de diversos países da Otan para manifestar-lhes sua preocupação de que a Ucrânia planejava utilizar uma "bomba suja".

Em seguida, Estados Unidos, Reino Unido e França emitiram uma declaração conjunta para rechaçar a versão "claramente falsa" da Rússia.

O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, insistiu em que as acusações eram "absurdas" e "perigosas". Por sua vez, o presidente Volodimir Zelensky pediu a seus aliados ocidentais que respondessem da maneira "mais dura possível".

Nesta segunda, Kuleba disse que Rafael Grossi, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), aceitou um convite para mandar especialistas às instalações ucranianas, onde a Rússia "afirma falsamente" que está sendo desenvolvida uma "bomba suja".

"Ao contrário da Rússia, a Ucrânia sempre foi e continua sendo transparente. Não temos nada a esconder", insistiu Kuleba.

 Localidades recuperadas 
As acusações reiteradas pela Rússia nesta segunda-feira acontecem no momento em que as forças de Moscou sofrem reveses na Ucrânia.

O exército ucraniano anunciou hoje que conseguiu expulsar as forças russas de diversos povoados no nordeste do país, onde a contraofensiva lançada por Kiev em setembro já lhes permitiu recuperar milhares de km².

"Graças a operações bem-sucedidas, nossas tropas empurraram o inimigo para fora das localidades de Karmazynivka, Myasozharivka e Nevske, na província de Luhansk, e de Novosadove em Donetsk", afirmou o exército em nota.

Moscou também enfrenta outra contraofensiva de Kiev na província de Kherson, no sul do país, um dos quatro territórios ucranianos que Moscou anunciou que anexaria em setembro. Hoje, a Ucrânia anunciou a reconquista de 90 localidades nessa região.

Nas últimas semanas, a Rússia intensificou seus ataques contra a Ucrânia, em especial contra suas instalações de geração de energia, em uma aparente represália à explosão que danificou a ponte sobre o estreito de Kerch, que liga o território continental russo à península anexada da Crimeia.

Em Kiev, os bombardeios foram realizados com drones de fabricação iraniana, segundo a Ucrânia. Nesse sentido, Zelensky garantiu hoje que a Rússia havia encomendado "cerca de 2.000 drones" iranianos para sua campanha de bombardeios.

O líder ucraniano também criticou a neutralidade que Israel mantém desde o início da invasão russa, o que permitiu, segundo ele, uma "aliança" entre Moscou e Teerã.

"Esta aliança não existiria se seus políticos tivessem tomado uma decisão naquele momento. A decisão que havíamos pedido", declarou Zelensky durante entrevista organizada pelo jornal israelense Haaretz.

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